quarta-feira, 30 de julho de 2014

S&P JÁ REBAIXOU A CLASSIFICAÇÃO DA ARGENTINA PARA A CATEGORIA DE DEFAULT, NAÇÃO CALOTEIRA

A agência de classificação de riscos Standard & Poor's declarou nesta quarta-feira a dívida da Argentina em categoria de moratória seletiva (Selective Default), rebaixando-a de sua posição anterior, CCC-. Até às 18h30 desta quarta (horário de Brasília), o país não havia depositado o pagamento aos detentores de seus títulos renegociados em 2005 e 2010, e que haviam sido alvo de calote em 2001. Segundo a S&P, a Argentina não honrou o pagamento de 539 milhões de dólares em juros sobre os bônus reestruturados que vencem em 2033. O pagamento deveria ter sido feito em 30 de junho, mas o país recebeu prazo extra de 30 dias para conseguir renegociar a dívida com seus credores. O prazo terminou  às 19 horas (horário de Brasília), que corresponde à hora de fechamento dos bancos americanos que deveriam receber os pagamentos. Os representantes da Argentina estiveram em reunião com o mediador do impasse, Daniel Pollack, desde meio-dia, mas  nenhum acordo foi alcançado. Com a nota de default, o país perde acesso aos mercados internacionais e pode ter seus bens no Exterior confiscados por credores. Nesta quarta-feira ocorreu o segundo vencimento de uma parcela de 539 milhões de dólares relativos a juros que deveriam ser pagos a credores nos Estados Unidos. O governo da peronista populisa e muito incompetente Cristina Kirchner não pagou o montante no primeiro vencimento determinado pelo juiz federal Thomas Griesa, em 30 de junho. Griesa é o responsável pela decisão que obriga a Argentina a pagar não apenas os juros devidos aos credores, mas também os valores integrais referentes aos títulos detidos pelos chamados "fundos abutres", que são detentores de bônus que não aceitaram a reestruturação da dívida argentina nos anos de 2005 e 2010 e, por isso, acionaram o país na justiça para receber montante total da dívida. A reestruturação se deu depois do calote de 2001 e impôs perdas aos investidores dos papéis do país. No caso dos credores da dívida reestruturada, as perdas foram da ordem de 40%. Os "abutres" são fundos especializados em compra de títulos de países caloteiros, justamente para acioná-los na justiça e tentar receber o valor total. A Argentina se nega a efetuar o pagamento aos "abutres" porque teme que isso ative a cláusula "Rufo", cuja sigla em inglês quer dizer "direitos sobre futuras ofertas", colocada pelo próprio governo, que indica que a Argentina não poderá negar aos demais credores as mesmas condições dadas aos "abutres". Com isso, o país pode abrir precedentes para que todos os credores entrem na justiça para receber o total da dívida. Assim, poderia ter de desembolsar valor muito superior às suas próprias reservas internacionais, que estão na casa de 30 bilhões de dólares. O governo argentino tentou efetuar o pagamento aos credores dos títulos reestruturados, mas o juiz Griesa bloqueou a transação, classificando-a de ilegal. Assim, enquanto não pagar os "abutres", a Argentina não pode honrar seus compromissos com os demais credores. Jay Newmann, gestor do fundo NML, o principal "abutre", afirmou que ao longo de dez anos vem tentando se reunir, sem sucesso, com o governo argentino. Até seu primeiro encontro, nesta terça-feira, a negativa vinha sendo constante e o governo exigia, segundo Newman, que os fundos aceitassem a proposta argentina de forma unilateral. Na Argentina, os bancos locais lançaram a proposta de uma espécie de "vaquinha" para formar um fundo de garantias de 250 milhões de dólares como forma de ajudar o país a costurar um acordo com os abutres. Contudo, a proposta sequer chegou a ser considerada pelo governo, disse o jornal Clarín.

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