segunda-feira, 28 de julho de 2014

NOVA GRAVAÇÃO SUGERE CAIXA 2 BANCADO PELO "REI DO ÔNIBUS" NA CAMPANHA DO DEPUTADO FEDERAL BETHLEM

Novo trecho de uma conversa gravada entre o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ) e a empresária Vanessa Felippe, sua ex-mulher, obtido com exclusividade pela revista Época, revela indícios de caixa dois na campanha de Bethlem pago pelo empresário do setor de transportes Jacob Barata, conhecido como “o rei do ônibus” do Rio de Janeiro. No diálogo, Bethlem admite que foi “muito útil” aos interesses de Jacob Barata quando esteve na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Bethlem foi vereador entre 2001 e 2004. "Eu fui muito útil pra esse cara na Câmara. Não foi pouco não, (foi) muito. Eu derrubei sessão, eu tirei projeto", disse Bethlem. Vanessa, ex-mulher de Bethlem, gravou a conversa entre os dois em novembro de 2011, quando discutiam a separação e o consequente pagamento de pensão alimentícia. Bethlem foi secretário municipal de Ordem Pública e posteriormente de Assistência Social do Rio entre 2009 e 2012. No trecho já publicado do diálogo, Bethlem admitiu que, enquanto secretário de Assistência Social, recebia R$ 85 mil em dinheiro por fora do seu salário, referindo-se provavelmente a propina desviada de contratos com a Secretaria. Ele reconheceu também que havia aberto uma conta não declarada na Suíça. No novo trecho da conversa (leia abaixo), Vanessa diz que sempre ajudou Bethlem em suas campanhas com dinheiro, “fosse através de Jacob” ou através do pai dela, o presidente da Câmara Municipal, Jorge Felippe. "Por várias campanhas, seu maior colaborador, aliás, em quase todas as campanhas, praticamente, o seu maior colaborador foi um homem chamado Jacob. Eu te ajudei com dinheiro, Rodrigo", disse Vanessa. Além de não negar o recebimento da contribuição, Bethlem acrescentou ter construído uma relação com o empresário. Nas duas vezes em que esteve no escritório da revista Época, no Rio de Janeiro, em junho passado, Vanessa afirmou que se referia ao empresário do setor de transportes Jacob Barata. Pelo menos 25% das empresas de ônibus urbanos na cidade do Rio de Janeiro têm como sócia a família de Jacob. Vanessa entregou à reportagem de Época uma série de gravações, vídeos, cópias de e-mails e diversos outros documentos. Ao todo, os arquivos digitais correspondem a um terabyte de dados, o equivalente, por exemplo, a 150 DVDs de filmes com mais de duas horas de duração. Vanessa também entregou à reportagem anotações feitas à mão que, segundo ela, contabilizava recursos da campanha de Bethlem em 2010, para deputado federal. Ela afirma que a letra é de Bethlem. Procurado por Época, o deputado negou ter escrito o documento. Nos papéis, constam os nomes de prováveis doadores seguido de um número que indiciaria o valor da contribuição. As menções a "40 ônibus" e "200 Jaco" são referências ao empresário Jacob, segundo afirmou Vanessa. A lei eleitoral proíbe a concessionárias de serviço público, como empresas de ônibus, fazer doações para campanhas eleitorais. O empresário Jacob poderia ter contribuído como pessoa física, mas ele nega. Leia a degravação de conversa de Vanessa com Behtlem:
Vanessa - A cada campanha sua, você foi uma marca que foi sendo fortalecida. A cada mandato ou a cada posição que você ganhou em função dessa campanha, você foi sendo uma marca que foi sendo fortalecida. Eu investi numa marca a minha vida inteira. Uma marca chamada Rodrigo Bethlem. É isso que você não está entendendo. Só um minutinho por favor. Eu tenho o percentual de uma marca. Que eu... Não terminei... para você entender o que estou querendo dizer.. que eu Vanessa ajudei a construir... durante toda a nossa vida em comum, Rodrigo. Para onde quer que sua marca vá, pra cá ou pra cá, eu ajudei a construir (inaudível). O que quer que seu seja daqui por diante...
Bethlem - Eu não tenho nada a ver com isso?
Vanessa - Você não vai estar do meu lado não, Rodrigo Betlhem - Quero saber... Não.. você também não vai estar do meu... mas eu ajudei a você a construir suas coisas?
Vanessa - Com o quê? Com dinheiro?
Bethlem - Com dinheiro, com contrato...
Vanessa - Vamos lá, com dinheiro ou com contrato? Peraí. Com o conhecimento que eu te ajudei a ter.
Bethlem - Sim, e aí você vai usufruir disso...
Vanessa - Peraí, peraí...
Bethlem - Aí essa marca que você está falando vai te arrumar (inaudível), vai te arrumar licença não sei das quantas, essa marca vai te arranjar de tudo... (inaudível)
Vanessa - Deixe eu lhe falar uma coisa, você vai me arranjar isso, se é que vai me arranjar, pontualmente, uma vez na vida, eu estou há 16 anos fazendo isso... Deixa eu terminar de falar...
Bethlem - Você...
Vanessa - Você não está deixando eu terminar de falar, deixa eu terminar de falar, você não está deixando eu terminar de falar...
Bethlem - Não estou nem mais discutindo isso.
Vanessa - Mas eu tou. Eu quero desabafar isso, só mais um minutinho, por favor...
Bethlem - Eu disse a você...
Vanessa - Dá licença ... Por favor...
Bethlem - Você me interrompeu, começou a falar...
Vanessa - Tá, então deixa eu terminar. Por 16 anos, eu investi nisso aqui. O que quer que eu vá fazer agora, você sabe com o que você vai estar me ajudando, se me ajudar? Com dinheiro. Eu te ajudei com dinheiro na campanha? Por várias campanhas, seu maior colaborador, aliás, em quase todas as campanhas praticamente, o seu maior colaborador foi um homem chamado Jacob. Eu te ajudei com dinheiro, Rodrigo.
Bethlem – Eu construí uma relação com ele, Vanessa? Como eu te apresentei milhares de pessoas.
Vanessa - Eu não te ajudei com dinheiro, Rodrigo?
Bethlem- Se você não construiu relação, é outra história. Eu fui muito útil... que ele goste de mim, goste de você, tudo bem. Eu fui muito útil pra esse cara na Câmara. Não foi pouco não, muito. Eu derrubei sessão, eu tirei projeto...
Vanessa - Rodrigo, é a mesma coisa que estou lhe falando. Tá vendo como é? É igual.
Bethlem - Não é igual
Vanessa - É igual, olha aqui, é um pontapé. O que eu estou querendo dizer é o seguinte: você me ajudar com dinheiro?... Eu te ajudei com dinheiro, em todas elas. Fosse através do Jacob, fosse através do meu pai”.

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