É espantoso. O grupo extremista islâmico Boko Haram divulgou nesta segunda um vídeo de 27 minutos em que Abubakar Shekau, um dos líderes, armado com um fuzil AK-47, afirma que as meninas só serão devolvidas às suas famílias se o governo da Nigéria libertar membros da seita terrorista que estão presos no país. Não é o caso de ver tudo, claro!, até porque, obviamente, a gente não entende patavina! Mas a linguagem do fanatismo, da arrogância e da violência é universal. Prestem atenção às expressões corporal e facial de Shekau entre 15min40s e 16min10.
Segundo as agências de notícias, no vídeo, a partir de 17min25s, aparecem 130 meninas das 300 que foram sequestradas. Com vestes islâmicas, elas entoam versos do Alcorão. Todas elas pertencem a famílias cristãs.
Em trechos traduzidos por TVs inglesas, Shekau ironiza: “Vocês fazem todo esse barulho só porque sequestramos essas meninas? Alá as abençoou com a aceitação do Islã”. Vejam que algumas delas dão uma espécie de testemunho. Uma voz masculina pergunta por que elas se tornaram muçulmanas. A indagada da hora responde: “Porque não estávamos no caminho certo. Precisamos seguir o caminho certo para que Alá fique feliz”.
Sabem o que acho mais impressionante? Leiam o noticiário a respeito mundo afora. Pouco se diz — ou quase não se dá ao fato nenhum destaque — que essa, vamos dizer assim, guerra em particular tem natureza religiosa. A Nigéria tem sido um dos principais palcos de massacres de cristãos, perpetrados por milícias islâmicas. Ou o mundo não assistiu inerme às mais de 400 mil mortes de Darfur, no Sudão?
É possível que Shekau e seus amigos delinquentes tenham planejado o sequestro em massa para libertar alguns amigos da prisão. Mas por que esse ato em vez dos costumeiros ataques terroristas? Porque o Boko Haram está em guerra, na Nigéria, antes de mais nada, com o cristianismo, que não está armado e não mata ninguém. Como os terroristas não produzem dinheiro, alguém financia a sua atividade. Duvido que sejam muçulmanos milionários do próprio país. Um bom caminho é procurar, por exemplo, alguns fanáticos lá na Arábia Saudita…
Lembrarei quantas vezes for necessário fazê-lo: estimam-se em 100 mil os cristãos mortos a cada ano no mundo simplesmente porque fizeram essa escolha religiosa. Em 75% das vezes, seus algozes são milícias islâmicas militarmente organizadas. E isso é apenas um fato. Praticamente a metade da Nigéria, com mais de 170 milhões de habitantes, é muçulmana. Há milhares de autoridades dessa religião no país. Até agora, não houve uma voz que se levantasse com a devida força contra as práticas do Boko Haram. Por Reinaldo Azevedo
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