quarta-feira, 28 de maio de 2014
GOVERNO DILMA PROPÕE CORTAR EXAMES DE CD4 PARA TRATAMENTO DA AIDS
Uma ferramenta considerada importante por infectologistas para acompanhar o tratamento de pacientes com aids, o exame de CD4, deve ser aposentada pelo Ministério da Saúde a partir de 2015. A proposta - que já provoca apreensão de pacientes e polêmica entre profissionais de saúde - prevê a restrição do exame para casos muito específicos até o fim dos estoques, o que deve ocorrer no fim do próximo ano. A idéia é não fazer novas compras. "Médicos devem se acostumar com tecnologias mais modernas", disse o diretor do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita. A proposta começou a ser apresentada pelo diretor em alguns encontros regionais de especialistas em laboratórios e deverá ser discutida também com integrantes do Consenso Terapêutico. "Não é apenas o Brasil que está revendo o uso do CD4", disse o diretor. "A Organização Mundial da Saúde também vai analisar o tema." A expectativa de Mesquita é a de que o tema seja definido ainda este ano. Entre especialistas brasileiros, no entanto, o assunto está longe de ser um consenso. "Concordo que a tendência é de redução da indicação desse exame. Mas ele ainda é fundamental e não há perspectivas de que isso mude num curto espaço de tempo", afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Érico Arruda. O pesquisador do Núcleo de Estudos de Prevenção da Aids, Jorge Beloqui tem avaliação semelhante. "Esse exame não é um ornamento", disse. A maior crítica de Beloqui, no entanto, está na forma como o assunto está sendo conduzido. "Não há diálogo com associações de portadores do HIV. As propostas vêm de cima para baixo, como um decreto real", completou. O CD4 é usado para avaliar o sistema imunológico do paciente e é geralmente combinado com outro teste, o de carga viral, que dá informações sobre a quantidade de HIV no organismo do paciente. O CD4, até pouco tempo, era levado em consideração para definição do início do tratamento com medicamentos antiaids. Depois de o governo liberar a indicação dos remédios para todos pacientes, independentemente da quantidade do vírus, o exame passou a ser considerado menos importante pelo governo.
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