domingo, 22 de dezembro de 2013
“O GRIPEN É ÓTIMO, A CONCORRÊNCIA ESTÁ FALANDO BESTEIRA", DIZ A FABRICANTE SAAB
Na última quarta-feira, o governo brasileiro causou surpresa ao anunciar, após cerca de duas décadas de espera, o nome do fabricante dos caças que vão reequipar a Força Aérea Brasileira (FAB). As atuais aeronaves que servem a Aeronáutica são os sucateados Mirage 2000, que se aposentarão em 31 de dezembro. A sueca Saab foi a empresa escolhida para o contrato de cerca de 4,5 bilhões de dólares do Ministério da Defesa — e deverá desenvolver 36 caças para a FAB. As aeronaves Gripen NG ainda estão no papel, o que as deixa atrás das concorrentes do contrato, Dassault (com o Rafale) e Boeing (com o Super Hornet F18), no quesito horas de vôo. Mas o governo brasileiro insistiu que se tratava do melhor custo-benefício para o País, tendo em vista que o Gripen custará menos e sua manutenção é mais barata. Após o anúncio da decisão, a companhia francesa e a americana demonstraram frustração, em notas enviadas à imprensa. Mas os franceses foram além, afirmando que o Gripen não pode nem ser comparado a um Rafale. O vice-presidente de Aeronáutica da Saab, Lennart Sindahl, afirmou que a Dassault não tem razão. "Eles estão dizendo besteira. O Gripen carrega mais munição, tem um radar melhor, é mais acessível financeiramente, o que vai consumir menos dinheiro do contribuinte brasileiro", afirmou Sindahl. "A decisão do governo brasileiro não nos tomou de surpresa, mas nós estávamos começando a discutir a possibilidade de a decisão ser tomada no ano que vem. No dia do anúncio eu estava com a força aérea sueca fechando um contrato de venda de 60 aeronaves Gripen. No momento em que saí da reunião, comecei a receber mensagens do Brasil informando que algo havia acontecido sobre a questão dos caças. Duas horas depois, recebemos uma carta do governo afirmando que havíamos sido selecionados. Claro que ficamos muito felizes". Ele defende o caça que fabrica das críticas de que é uma aeronave montada com partes de outros países: "O Gripen é uma aeronave sueca no sentido em que estamos em total controle de sua tecnologia e produção. O que fazemos diferente com o Gripen é que selecionamos nossos fornecedores cuidadosamente em cada segmento. E é uma das razões que faz com que possamos produzir um caça tão bom quanto os outros, com o preço substancialmente mais favorável. A maior parte dos nossos concorrentes prioriza um produto 100% nacional. Mas isso também significa que o caça fica mais caro em todos os sentidos, inclusive na manutenção. Vou pegar o exemplo do trem de aterrissagem. Em vez de construirmos na Suécia, vamos ao maior e melhor fornecedor para comprá-lo. Vamos ao fabricante que só sabe fazer trem de aterrissagem. É um pouco o que a Embraer faz. Só assim se consegue sucesso no negócio da aeronáutica, quando se tem bons fornecedores. Poderíamos fazer tudo sozinhos, mas sairia muito mais caro e o resultado não é, necessariamente, melhor. Temos o total controle sobre a tecnologia. Isso significa que quando trabalharmos com o Brasil, não haverá nada escondido dos olhos e ouvidos dos brasileiros. E ninguém precisará pedir permissão a outro país para modificar o produto. Os caças entregues à FAB serão de total controle dos brasileiros. A turbina de um caça é uma commodity. É possível comprá-la de muita gente. Isso significa que se a Saab precisar de uma turbina mais potente, ela vai até a GE e a encomenda. Já os franceses ficam à deriva porque não têm como comprar. Os únicos que usam a turbina do Rafale são os caças Rafale. Para melhorá-la, é preciso desenvolver uma nova. Nós temos uma longa tradição de trabalhar com turbinas americanas e nunca tivemos problemas de qualidade, fornecimento, restrições de exportação".
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