Os professores que estão em greve no Rio de Janeiro vinham conseguindo mobilizar uma quantidade considerável de pessoas em um tipo raro de protesto na cidade: o sem violência. Desde que paralisaram os trabalhos para reivindicar reajuste salarial e plano de carreira a todos os profissionais, há um mês e meio, os atos convocados pelos docentes nunca haviam terminado em grande confusão. Ao menos até nesta segunda-feira, quando uma nova manifestação na Cinelândia, no centro carioca, colocou do mesmo lado educadores e black blocs. O grupo que costuma se vestir de preto, cobrir o rosto com máscaras ou camisetas e é apontado como o responsável por episódios de vandalismo e depredação, conseguiu desvirtuar o tom pacífico do ato dos professores. Os black blocs eram minoria, pouco mais de uma centena, frente aos cerca de 500 educadores que tentavam pressionar os vereadores a derrubar o Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações enviado pelo prefeito Eduardo Paes na semana passada. Eles afirmam que a proposta só beneficia 10% da categoria. No fim da noite, os educadores abandonaram o movimento, deixando apenas os vândalos no local. Importantes vias do centro, como a Avenida Rio Branco, foram interditadas conforme a passeata encabeçada pelo grupo de preto avançava pelas ruas do entorno da Câmara. Os educadores permaneciam em uma das laterais do legislativo, sem participar da caminhada, e tentavam lembrar aos manifestantes sobre o foco do protesto. "O ato é aqui", gritava um dos educadores que estava com microfone em cima do carro de som. Quase como concorrentes, os black blocs conseguiam sobrepor seus gritos contra o governador Sérgio Cabral e de "Cadê o Amarildo?", sobre o pedreiro desaparecido na Rocinha desde julho. Durante a noite, o Batalhão de Choque da Polícia Militar foi acionado e houve confronto com manifestantes. Bombas chegaram a ser arremessadas - remetendo aos cenários mais violentos dos protestos de junho e julho na cidade. Houve feridos de ambos os lados. Um grupo ateou fogo em objetos encontrados na rua e arremessou pedras contra uma agência bancária. Na confusão, ao menos uma pessoa foi detida e foi levada arrastada por agentes. A atuação dos black blocs havia sido convocada pelo Facebook, em um evento intitulado "Ato em Apoio aos Professores".
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