quarta-feira, 17 de julho de 2013
JUSTIÇA ITALIANA CONDENA EX-CHEFE DA TELECOM ITÁLIA POR ESPIONAR BANQUEIRO BRASILEIRO DANIEL DANTAS
A polêmica Operação Chacal, deflagrada pela Polícia Federal em 2004, contra o banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity, começa a ter sua origem desvendada na Itália. Lá, o ex-presidente da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera, acaba de ser condenado a 20 meses de prisão e ao pagamento de uma multa de 900 mil euros por ter montado um esquema de espionagem ilegal e clandestina contra o banqueiro Daniel Dantas. Com os dados obtidos, a Telecom Italia conseguiu fazer com que a Polícia Federal brasileira deflagrasse a Operação Chacal, que, anos depois, deu origem à também polêmica Operação Satiagraha, comandada pelo delegado federal comunista Protógenes Queiroz. De acordo com o Ministério Público de Milão, 10 milhões de euros foram usados pela empresa para corromper agentes públicos no Brasil. A Justiça italiana condenou na terça-feira o empresário Marco Tronchetti Provera, presidente da holding Pirelli, antiga controladora da operadora de telefonia Telecom Italia. Segundo informações do jornal italiano Corriere Della Sera, a pena ficou em um ano e oito meses de prisão pelo crime de furto de dados. Ele também já havia sido condenado ao pagamento de 900 mil euros aos acionistas da Telecom Italia por danos materiais. Ele responderá em liberdade. Provera foi responsabilizado por crimes cometidos por funcionários da Telecom Italia em um grande plano de espinagem montado pela empresa para bisbilhotar concorrentes em vários paises, incluindo o Brasil. Em fevereiro deste ano, um tribunal de Milão, onde corre o caso, condenou sete arapongas contratados pela Telecom Italia para espionar as atividades do banco Opportunity e seu dono, Daniel Dantas, que disputava com a Telecom Italia o controle da operadora de telefonia Brasil Telecom. É a história que ficou conhecida como caso Kroll. A Justiça italiana investiga o destino de 120 milhões de euros que foram retirados do orçamento da Telecom Italia e aplicados em operações ilegais da companhia em vários países. A denúncia do Ministério Público em Milão afirma que 10 milhões de euros foram enviados ao Brasil com o objetivo de tirar Daniel Dantas e seu banco do controle da Brasil Telecom, empresa que tinha como acionistas, além do Opportunity, a própria Telecom Italia, o Citibank e fundos de pensão de grandes estatais brasileiras. Sabendo que era alvo da ação de espionagem pela Telecom Italia, Daniel Dantas contratou a empresa de investigações privadas Kroll. Essa contratação, no Brasil, foi alvo da Operação Chacal, da Polícia Federal, que acusava Daniel Dantas de espionar a companhia italiana e também autoridades do governo federal durante o primeiro mandato de Lula na presidência da República. Na Itália, o caso se inverteu: a Telecom Italia é acusada de desvio de dinheiro para espíonar o banqueiro brasileiro e tirá-lo do controle da BrT. A decisão de terça-feira responsabiliza Provera pelo furto de informações sigilosas que os espiões condenados em fevereiro furtaram do Banco Opportunity. A condenação do início do ano é por formação de quadrilha, invasão de sistema de informática e divulgação de informações sigilosas relacionadas a segredos de Estado. A conta feita pela Justiça italiana é que a Telecom Italia seguiu de perto os passos do controlador de uma empresa estatal que estava em vias de ser privatizada e teve acesso privilegiado a detalhes do negócio.
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