domingo, 20 de janeiro de 2013
Terrorista do ETA foragido é detido no Brasil
A polícia brasileira deteve na sexta-feira no Rio de Janeiro um terrorista do grupo separatista basco ETA, Joseba Gotzon Vizán González, foragido desde 1991, anunciou o ministério espanhol do Interior. O homem detido, de 53 anos, vivia na clandestinidade no Brasil e estava foragido desde o desmantelamento em 1991 do comando Vizcaya, responsável por vários atentados do ETA, informou o ministério em um comunicado. A prisão ocorreu em cumprimento de uma ordem de prisão internacional emitida pela Audiência Nacional, principal instância penal espanhola, "por um crime de atentado terrorista contra a autoridade". Joseba Gotzon Vizán González, nascido no dia 7 de maio de 1959 em Basauri, no País Basco (norte), é acusado de ter feito parte de um grupo armado submetido ao comando Vizcaya do ETA. Segundo o Ministério do Interior, em 14 de janeiro de 1988, ele participou, junto com outros ativistas da organização armada, de um atentado a bomba contra um agente de polícia "que ficou gravemente ferido" na explosão. No dia 13 de abril do mesmo ano, ajudou os membros do comando Vizcaya em "uma tentativa frustrada de atentado com o lançamento de granadas" contra uma delegacia de polícia de Basauri. Vizán fugiu depois do desmantelamento do comando em 1991 e vivia no Brasil há vários anos com "documentação falsa fornecida" pelo ETA. No total, de acordo com o Ministério do Interior espanhol, 36 membros do grupo separatista armado basco foram detidos desde o início de 2012, três deles desde o início de janeiro. Somente algumas dezenas de militantes do ETA seguem em liberdade.
Muito fragilizado, o ETA anunciou no dia 20 de outubro de 2011 que ia pôr fim a sua luta armada, mas se nega a dissolver-se e a entregar as armas, tal como pedem os governos espanhol e francês. O ETA teve seu último atentado praticado em agosto de 2009. A organização é responsável pelo assassinato de 829 pessoas em 40 anos de luta armada pela independência do País Basco. O terrorista morava com a mulher e o filho (ambos também espanhóis) na zona sul do Rio de Janeiro, onde trabalhava como tradutor e professor de espanhol. Segundo a Polícia Federal, o acusado será encaminhado a um presídio do Rio, provavelmente uma das unidades do Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste da cidade. No Brasil, o terrorista utilizava o nome de um outro espanhol, Aitor Julian Arechaga Echevarria, e por isso responderá no Brasil pelo crime de falsidade ideológica, que prevê reclusão de um a cinco anos de prisão, conforme o Artigo 304 do Código Penal brasileiro. A prisão foi possível, segundo o delegado federal Valdir Lemos de Oliveira, depois de entendimentos com a polícia espanhola que levaram à identificação do suspeito a partir da confirmação de suas impressões digitais: “Na prática ele se refugiou no país para fugir das autoridades espanholas, na medida em que lá havia um processo criminal onde ele era acusado da prática de terrorismo. Há alguns meses atrás, nós fomos procurados pela polícia espanhola, que nos alertou da possibilidade de que ele estivesse residindo no país”. Segundo o superintendente da Polícia Federal, a partir da confirmação da identidade do foragido por meio de impressão digital, a Polícia Federal intensificou as buscas nas últimas três semanas, quando foram identificados diversos endereços vinculados ao seu nome: “Após confirmarmos em um desses endereços a sua residência, nos intensificamos a vigilância sobre o local, pois queríamos ter certeza da verdadeira identidade dele, o que foi confirmado por impressões digitais encaminhadas ao governo espanhol. A partir daí nós tivemos a tranquilidade necessária para efetuar a prisão”. Valmir Lemos de Oliveira disse que o acusado desfrutava no Brasil de uma vida normal de pessoa de classe média: “Ele vivia nas condições de cidadão comum, professor, tradutor, casado, classe média, mas de forma muito simples e bastante discreta”. O superintendente da Polícia Federal disse que o suspeito vivia no País desde 1996 e sempre de forma muito discreta. Disse ainda que o crime a que responde o terrorista prescreveria na próxima semana. “Essa questão da prescrição passa a ser um problema de ordem jurídica. Na medida em que ele foi preso e as autoridades espanholas informadas do fato, elas comunicarão ao Poder Judiciário do país e a prisão dele, em tese, interrompe a contagem desse prazo. A partir de então, eles irão adotar as medidas adequadas para que ele possa ser reconduzido à Espanha”. Joseba Gotzon Vizán González estava foragido das autoridades espanholas há mais de 20 anos. O acusado tinha um mandado de prisão pela execução de ter colocado uma bomba no carro em que estavam agentes do Corpo Nacional da Policia que deixou gravemente ferido em 1988 o agente Manuel Muñoz Domínguez.
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