O ano começou com o governo confiando no histórico do regime de chuvas e na meteorologia para afastar o risco do racionamento de energia. De fato, os primeiros dias de janeiro vieram acompanhados de chuvas, que voltaram a elevar, ainda que timidamente, os reservatórios das usinas hidrelétricas. Ainda assim, apenas em abril, no fim do período úmido, será possível diagnosticar com precisão o quadro para o abastecimento ao longo de 2013 e 2014. Até lá, as usinas termelétricas vão continuar a desempenhar papel fundamental para o parque gerador nacional, evitando por ora a necessidade de redução forçada do consumo. Movidas pela queima de combustíveis fósseis, como o gás natural, o carvão mineral e o óleo, as térmicas respondem hoje por quase 15% da eletricidade no País. Trata-se de um patamar superior ao do padrão histórico justamente porque o baixo nível dos reservatórios reduziu a geração pela fonte hidráulica. O uso das termelétricas faz parte de um modelo concebido depois da crise energética, e do subsequente racionamento, de 2001, quando ficou evidente a necessidade de aumentar a segurança na oferta de eletricidade. O governo decidiu incentivar a construção de novas térmicas, cuja vantagem é não dependerem das variações climáticas para funcionar, ainda que o seu custo de operação e o impacto ambiental sejam maiores. No caso das usinas movidas a óleo diesel, o custo de geração foi em média 66% maior do que o da energia produzida em hidrelétricas desde 2005, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Um levantamento da consultoria Andrade & Canellas dá a dimensão da expansão das térmicas. Em 2001, havia 53 usinas desse tipo, com capacidade de 5 100 megawatts (MW). No ano passado, esses números haviam saltado para mais de 1 100 usinas, aptas a produzir 21 400 MW. Em termos relativos, ao longo de 2001, ano do racionamento, a geração térmica movida a combustíveis fósseis respondeu por 6% do total produzido. Em 2013, o porcentual deverá se aproximar dos 20%. O uso das térmicas contribui para regular o nível das represas. Quando elas são acionadas, diminui a necessidade de geração das hidrelétricas, aliviando a pressão sobre o nível da água. Essas usinas, assim, podem ser consideradas um seguro a ser empregado em períodos de queda nos reservatórios. Nos últimos anos, independentemente do regime de chuvas, elas têm ganhado importância no fornecimento energético. Por pressão de ambientalistas, o governo abriu mão, na última década, de construir colossos como Itaipu, na divisa do Paraná com o Paraguai, ou Tucuruí, no Pará, cujas represas servem de poupança para os meses de estiagem. O resultado é que a capacidade somada de armazenamento de água não acompanha o crescimento do consumo no País. No fim dos anos 80, as represas eram capazes de garantir um ano de abastecimento. Hoje, o período não passa de cinco meses. Assim, é necessário ativar com uma frequência maior as térmicas, sobretudo em anos de poucas chuvas.
domingo, 20 de janeiro de 2013
Termelétricas são esperança contra apagões
O ano começou com o governo confiando no histórico do regime de chuvas e na meteorologia para afastar o risco do racionamento de energia. De fato, os primeiros dias de janeiro vieram acompanhados de chuvas, que voltaram a elevar, ainda que timidamente, os reservatórios das usinas hidrelétricas. Ainda assim, apenas em abril, no fim do período úmido, será possível diagnosticar com precisão o quadro para o abastecimento ao longo de 2013 e 2014. Até lá, as usinas termelétricas vão continuar a desempenhar papel fundamental para o parque gerador nacional, evitando por ora a necessidade de redução forçada do consumo. Movidas pela queima de combustíveis fósseis, como o gás natural, o carvão mineral e o óleo, as térmicas respondem hoje por quase 15% da eletricidade no País. Trata-se de um patamar superior ao do padrão histórico justamente porque o baixo nível dos reservatórios reduziu a geração pela fonte hidráulica. O uso das termelétricas faz parte de um modelo concebido depois da crise energética, e do subsequente racionamento, de 2001, quando ficou evidente a necessidade de aumentar a segurança na oferta de eletricidade. O governo decidiu incentivar a construção de novas térmicas, cuja vantagem é não dependerem das variações climáticas para funcionar, ainda que o seu custo de operação e o impacto ambiental sejam maiores. No caso das usinas movidas a óleo diesel, o custo de geração foi em média 66% maior do que o da energia produzida em hidrelétricas desde 2005, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Um levantamento da consultoria Andrade & Canellas dá a dimensão da expansão das térmicas. Em 2001, havia 53 usinas desse tipo, com capacidade de 5 100 megawatts (MW). No ano passado, esses números haviam saltado para mais de 1 100 usinas, aptas a produzir 21 400 MW. Em termos relativos, ao longo de 2001, ano do racionamento, a geração térmica movida a combustíveis fósseis respondeu por 6% do total produzido. Em 2013, o porcentual deverá se aproximar dos 20%. O uso das térmicas contribui para regular o nível das represas. Quando elas são acionadas, diminui a necessidade de geração das hidrelétricas, aliviando a pressão sobre o nível da água. Essas usinas, assim, podem ser consideradas um seguro a ser empregado em períodos de queda nos reservatórios. Nos últimos anos, independentemente do regime de chuvas, elas têm ganhado importância no fornecimento energético. Por pressão de ambientalistas, o governo abriu mão, na última década, de construir colossos como Itaipu, na divisa do Paraná com o Paraguai, ou Tucuruí, no Pará, cujas represas servem de poupança para os meses de estiagem. O resultado é que a capacidade somada de armazenamento de água não acompanha o crescimento do consumo no País. No fim dos anos 80, as represas eram capazes de garantir um ano de abastecimento. Hoje, o período não passa de cinco meses. Assim, é necessário ativar com uma frequência maior as térmicas, sobretudo em anos de poucas chuvas.
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