quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Medo atrapalha investigação líbia sobre ataque em Benghazi


A relutância da Líbia em reprimir grupos islâmicos suspeitos de cometerem o ataque de setembro contra diplomatas dos Estados Unidos em Benghazi ilustra o fracasso da polícia e da Justiça para impor sua autoridade, e pode permitir que militantes se fortaleçam. O atentado de 11 de setembro deste ano, que resultou na morte do embaixador norte-americano Christopher Stevens e três outros diplomatas dos Estados Unidos, foi o mais relevante atentado na Líbia desde a rebelião que derrubou o regime de Muammar Gaddafi, em 2011. Ninguém foi preso até agora, e testemunhas dizem que ainda não foram ouvidas. Nos Estados Unidos, um inquérito promovido pelo governo apontou graves falhas na segurança da missão diplomática em Benghazi, e concluiu que uma milícia contratada para fazer a vigilância deixou de alertar sobre o ataque quando ele começou. Num país onde as milícias armadas exercem o verdadeiro poder, há quem diga que as Forças Armadas regulares não têm condições de agir contra esses grupos, e que o medo de represálias desencoraja a repressão. "Eles estão com medo e não têm poder para enfrentar essa gente, que pode simplesmente ficar cada vez mais forte", disse um funcionário do governo provisório líbio. Um ano depois da queda de Gaddafi, o legado de quatro décadas de ditadura de um homem só - em detrimento das instituições estatais - e da rebelião que o matou é um anárquico enxame de milícias, que por um lado oferecem um sucedâneo de segurança oficial, e por outro representam a maior ameaça ao Estado.

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