segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Houve compra de votos, diz, Joaquim Barbosa; assim, ministro do Supremo que inocentar parlamentares desse crime estará antecipando voto em favor de José Dirceu, acusado de corrupção ativa

O relator do processo do Mensalão do PT, ministro Joaquim Barbosa, afirmou que houve inequívoca compra de votos. O Capítulo VI da denúncia inclui, por exemplo, parlamentares do PP. Ele lembrou que, à época, o partido não pertencia à base do governo e que seus votos eram importantes para aprovar projetos da administração do petista Lula, no Palácio do Planalto. Contesta, assim, a principal tese dos defensores dos réus, segundo a qual seus clientes não precisavam ter seus votos comprados porque estariam automaticamente alinhados com o governo. Os ministros que reconhecerem ou não a compra do voto irão caracterizar — ou não — a “corrupção passiva”. Caso os parlamentares sejam inocentados desse crime, não haverá como condená-los por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Nesse caso, teríamos uma situação realmente interessante: todas as pessoas envolvidas com a dinheirama até que ela chegasse às mãos dos políticos teriam cometido crime. Afinal, foram condenadas. Quando, no entanto, a grana bateu no bolso dos parlamentares, ela estaria limpa! Seria uma justiça bastarda! Tudo está encadeado. Reconhecida a corrupção passiva no caso dos parlamentares, é preciso caracterizar quem praticou a corrupção ativa — e aí se chega a José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares — além, claro, de Marcos Valério e seus sócios. Assim, fiquem atentos: os ministros que decidirem inocentar os parlamentares do crime de corrupção passiva estarão antecipando um voto em favor de Dirceu — e, pois, assando a pizza para os políticos, depois da severidade com os banqueiros e com o publicitário e seus sócios. (Reinaldo Azevedo)

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