quinta-feira, 22 de março de 2012

"Caça às bruxas" no caso Chevron assusta investidores, dizem especialistas

A dimensão que o caso da Chevron ganhou no Brasil e atuação de vários atores na investigação do vazamento de petróleo produzem uma reação desarticulada e "desproporcional" que pode assustar investidores estrangeiros, avaliam especialistas. Segundo analistas estrangeiros do setor, implicações criminais contra as empresas norte-americanas Chevron e Transocean e multas altas lavradas antes da conclusão das investigações podem alimentar a percepção de um ambiente protecionista com relação à indústria do petróleo no Brasil, e adverso para investidores estrangeiros. De acordo com Christopher Garman, diretor para América Latina da consultoria Eurasia Group, baseada em Washington, a impressão no exterior para quem não conhece o Brasil a fundo é a de que há uma certa "demonização" de empresas estrangeiras na indústria do petróleo e uma tendência do governo a restringir o setor a um monopólio da Petrobras. "A visão que se tem de fora lendo a cobertura da imprensa internacional é que está tendo uma caça às bruxas contra a Chevron", afirma. Garman diz acompanhar de perto a indústria e as políticas de petróleo no Brasil e considera que a impressão de protecionismo no setor não procede, mas vem recebendo questionamentos de seus clientes nos últimos dias e tem precisado assegurá-los de que o governo não pretende restringir a participação de empresas estrangeiras no setor. Na semana passada, a Chevron confirmou a ocorrência de um novo vazamento na área do Campo de Frade, na Bacia de Campos, na costa do Rio de Janeiro, próximo ao local onde 2,4 mil barris de petróleo vazaram em novembro do ano passado. Desde então, autoridades investigam as causas das novas fissuras e se estão relacionadas ao primeiro acidente. Thomas Pyle, presidente do Instituto de Pesquisa em Energia (IER), nos Estados Unidos, considera que a reação brasileira tem sido "desproporcional". Sobretudo a ação criminal contra ambas as empresas e 17 de seus executivos, oficializada na quarta-feira, pode assustar o mercado global, afirma. "Se o Brasil adotar uma mão pesada em relação a este episódio, pode mandar uma mensagem confusa para o mercado internacional e deixar a impressão de que está tratando a Chevron, uma empresa estrangeira, de forma diferente que a Petrobras, que é estatal", considera.

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