segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Egípcias se dizem decepcionadas com revolução um ano depois

Um ano depois da revolução que tirou do poder o ex-ditador Hosni Mubarak, muitas mulheres do Egito passam por um momento de decepção com a política do país. As mulheres sentiam que tinham poucos direitos ou proteção nos anos de regime de Mubarak, mas um sentimento de libertação depois da queda do antigo regime aumentou as esperanças entre muitas egípcias e elas podiam ser vistas na linha de frente junto com os homens durante os confrontos na praça Tahrir, no Cairo. Ativistas defensores dos direitos humanos no país acusam o Conselho Supremo das Forças Armadas, a junta militar que governa o Egito, de atacar sistematicamente mulheres na praça do Cairo, para afastá-las dos protestos. Uma fotografia mostrando uma cena deste tipo de violência chocou o mundo. A imagem mostrava um policial militar egípcio espancando uma manifestante, que usava o véu (hijab) e arrastando-a pela rua, o que abriu suas roupas. A mulher espancada participava de um protesto na praça Tahrir em dezembro, quando a polícia militar atacou os manifestantes. Mas, a decepção das mulheres começou semanas depois da queda do antigo regime. Centenas delas ainda estavam na praça, comemorando o Dia Internacional das Mulheres e tentando atrair a atenção para os direitos das mulheres, mas grupos de homens começaram a adverti-las, afirmando que não era o momento certo para chamar a atenção para estas questões. Entre as manifestantes estava a ativista Sally Zohney, que lidera projetos para juventude do grupo voltado aos direitos das mulheres da ONU. Para ela, a afirmação de que "não é o momento certo" para discutir os direitos das mulheres não faz sentido. "As mulheres participaram desde o início da revolução", disse. "As pessoas me chamam de feminista todas as vezes que expresso opiniões que me diferenciam de um capacho", escreveu Zohney no Twitter, onde mantém uma presença ativa. No dia seguinte ao Dia Internacional da Mulher, o Exército realizou uma operação para retirar os manifestantes da praça. Centenas de pessoas foram presas e 17 mulheres estavam entre os detidos. Inicialmente elas foram levadas para o Museu Egípcio, onde sofreram abusos verbais, foram espancadas e submetidas a choques elétricos. Naquela ocasião, muitas prisioneiras foram submetidas aos polêmicos testes de virgindade. Entre elas estava Samira Ibrahim que, junto com outras mulheres, foi levada para um centro de detenção do Exército. No local elas foram divididas em dois grupos, casadas e solteiras. Samira ficou entre as solteiras e então foi levada para outra sala. A cineasta independente Nada Zatouna também foi atacada e presa enquanto filmava confrontos entre a polícia e manifestantes perto da praça Tahrir. Ela ainda vai à praça no centro do Cairo, apesar da prisão em 2011.

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