quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Referendo pode levar União Européia a expulsar Grécia da zona do euro
A hipótese ainda não foi oficializada, mas está em todas as mentes: a Grécia pode ser expulsa pela União Européia da zona do euro. Depois de dois anos de crise das dívidas soberanas e de desmentidos sobre a eventual exclusão do país, a decisão do governo de George Papandreou de convocar um referendo para avaliar o pacote de socorro da Europa exasperou líderes políticos europeus. Em lugar de um perdão de 50% da sua dívida (um calote controlado e aceito pelos credores), a Grécia caminharia para a bancarrota caso o "não" vença na votação. Nas duas principais capitais do bloco europeu, Berlim e Paris, a palavra "falência" não foi citada, mas estava nas entrelinhas do comunicado assinado pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, no qual os dois líderes se comprometem a "assegurar a implementação sem atrasos das decisões adotadas na cúpula da zona do euro", consideradas "mais necessárias do que nunca". Na prática os dois líderes ignoraram a hipótese de realização do referendo.
Outros líderes políticos reconheceram de forma indireta que o risco de falência existe, e não apenas para a economia grega. Em Bruxelas, Yves Letterme, primeiro-ministro interino da Bélgica, admitiu que a crise na Grécia não se limita mais às fronteiras do país: "Os gregos precisam estar conscientes de que não se trata mais de um problema puramente interno da Grécia". A perspectiva de um crise sistêmica das dívidas soberanas na zona do euro também foi assinalada pela agência de rating americana Fitch. Em nota, a instituição advertiu que o eventual "não" dos gregos no referendo desejado por Papandreou "aumenta o risco de default forçado". Ainda segundo a Fitch, o eventual fracasso do socorro à Grécia pode desestabilizar toda a zona do euro, comprometendo sua existência. Para a agência, o "não" viria acompanhado de "graves consequências financeiras para estabilidade financeira e a viabilidade da zona do euro", avaliaram os técnicos. Com uma dívida de 160% do PIB, Atenas não suportaria além de dezembro à falta de repasses do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e do Fundo Monetário Internacional, cujas parcelas de 8 bilhões de euros mantêm a solvência do país desde maio de 2010. Em consequência, o sistema financeiro de países como Itália, França e Alemanha seria ainda mais atingido por um calote total do que com o default programado, contagiando as grandes economias do bloco.
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