segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Relator do PT quer também as estatais no financiamento de campanha
O deputado federal Henrique Fontana (PT-RS), relator da comissão especial da Câmara para a reforma política, redigiu um verdadeiro escândalo em forma de proposta. Nem poderia ser diferente. O seu texto foi parido, no mínimo, a seis mãos, já que contou com o auxílio de Luiz Inácio Apedeuta da Silva e de José Dirceu, o consultor e “chefe de quadrilha”, segundo a Procuradoria Geral da República. Setores do PT trabalham para que empresas estatais possam financiar campanhas eleitorais. A idéia é criar um fundo constituído com recursos governamentais e por doações de empresas privadas e de pessoas físicas para bancar campanhas para presidente, governadores, prefeitos, deputados e vereadores. Prevista no relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS), relator da reforma política na Câmara, a criação do Fundo de Financiamento de Campanhas Eleitorais é tão polêmica que desperta reações nos partidos aliados do governo Dilma Rousseff e até no PT. “Não é por vias transversas, como as estatais, que vamos ter o financiamento público”, diz o senador Wellington Dias (PT-PI). “Não dá para pôr empresa estatal no fundo. Não acredito que o financiamento público seja aprovado no Congresso”, opina o senador Walter Pinheiro (PT-BA). Fontana diz que as empresas privadas terão, ao fazer doações para o fundo, “a oportunidade de provar que estão dispostas a contribuir para a democracia, que não há vinculação entre contribuição e retorno em favores parlamentares". As estatais, acredita, também poderiam doar porque o dinheiro chegaria ao fundo sem endereço partidário. Além disso, a distribuição seria feita pela Justiça Eleitoral e com critérios previamente definidos. Líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ) considera “pouco saudável” a permissão para estatais doarem dinheiro para campanhas. “As estatais são empresas que já têm compromissos com programas sociais de diferentes governos.” “A proposta tem pouca eficácia. Que empresário vai querer doar sem saber para quem vai o dinheiro?”, questiona o deputado federal Ricardo Berzoini (SP), ex-presidente do PT. “Empresas que hoje são fortes doadoras vão ficar menos generosas quando o dinheiro for para um fundo público”, observa Chico Alencar.
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