sexta-feira, 30 de setembro de 2011
África do Sul sofre críticas por não conceder visto ao dalai-lama
Vários grupos defensores dos direitos humanos da África do Sul denunciaram em um comunicado nesta sexta-feira, que o governo sul-africano negará o visto ao dalai-lama, líder espiritual do Tibete, para não atrapalhar as relações do país com a China. E dizer que os negros do CNA, que hoje domina o governo, tiveram o apoio do mundo inteiro contra o "apartheid" que os oprimia, inclusive com um bloqueio internacional ao governo racista. Os ativistas afirmam que o governo está retardando de forma proposital a concessão da permissão de entrada no país para impedir a visita do dalai-lama, convidado pelo arcebispo Desmond Tutu para seu aniversário de 80 anos, no próximo dia 7 de outubro. "Achamos que a entrada no país de Sua Santidade o dalai-lama está sendo impedida por razões políticas que nada têm a ver com a Constituição e os valores que ela defende", afirmou em comunicado a organização "Let him in - Now!" (Deixa que ele entre, agora!), liderada pela Fundação Desmond Tutu. Este grupo fez um pedido aos cidadãos da África do Sul e de todo o mundo que condenem a posição do governo sul-africano e mostrem seu desacordo através de manifestações pacíficas na África do Sul e na frente das embaixadas do país no mundo. A primeira manifestação acontecerá nesta segunda-feira na Cidade do Cabo. O grupo de defesa dos direitos humanos "Human Rights Watch" emitiu na quinta-feira um comunicado na mesma linha, no qual denunciou que "a omissão do governo da África do Sul a emitir o visto para o dalai-lama não tem base objetiva e responde ao medo de desagradar o governo chinês". Em entrevista publicada nesta sexta-feira pela revista "Mail and Guardian", o arcebispo emérito da Cidade do Cabo e prêmio Nobel da Paz de 1984, Desmond Tutu, mostrou sua tristeza pelo comportamento do governo: "É improvável que lhe dêem o visto. Se fossem fazê-lo, já teriam feito. Acho que estão retardando o processo para que o povo não possa protestar". A China é um dos principais parceiros comerciais da África do Sul. Na quinta-feira, após a visita do vice-presidente sul-africano, Kgalema Motlanthe, a Pequim, foram assinados acordos de exportação de alimentos, matérias-primas e automóveis com a China. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Hong Lei, expressou na terça-feira a oposição de Pequim à emissão de um visto para que dalai-lama entre na África do Sul, já que consideram uma afronta e uma "atividade separatista" a visita do líder religioso a qualquer país que mantenha vínculos diplomáticos com a China. A atitude do governo do CNA na Africa do Sul é uma afronta mundial a todos que lutaram pela destruição do apartheid no país.
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