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Base da Vala 7 da Utresa, recheada de tambores |
Na foto publicada nesta nota pode-se verificar que a famigerada Vala 7, do lixão industrial Utresa, localizado em Estância Velha, município da Grande Porto Alegre, é formada por tonéis cujo conteúdo é totalmente desconhecido pelas autoridades ambientais gaúchas e também pela intervenção judicial, para recomposição de danos ambientais, a que foi submetida a "empresa" (na verdade, ela não é uma empresa, é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, sem fins lucrativos; não tendo fins lucrativos, não é uma empresa). A Utresa responde a processo por ter causado o envenamento das águas do rio dos Sinos, que resultou em uma mortandade de quase 90 toneladas de peixes , em novembro de 2006 (quase cinco anos atrás). Durante um dos tantos desbarrancamentos sofridos pela Vala 7 da Utresa (uma enorme mesa de detritos industriais, de mais de 40 metros de altura), ficou exposta a sua base em uma das cabeças da "mesa" (Vala 7). A foto foi registrada nessa oportunidade, quando o desbarrancamento estava sendo recomposto. No inquérito policial da mortandade dos peixes, realizado pela delegacia de polícia civil de Sapucaia do Sul, em 2006, uma das testemunhas ouvidas disse que a Vala 7 tinha recebido conteineres originários da Europa, que haviam sido descarregados no pier paraguaio do porto paranaense de Paranaguá. Os tais contêineres, conforme a testemunha, tinham sido enterrados inteiros, fechados, conforme haviam chegado da Europa. O que continham esses conteineres para serem enterrados fechados? O que contêm os mais de 200 mil tonéis enterrados na famigerada Vala 7 da Utresa? Uma das testemunhas no inquérito policiial afirmou que os tonéis continham óleo ascarel. Esse óleo é banido pelas normas ambientais, por ser cancerígeno e carcinogênico. Era o óleo usado para refrigeração de transformadores de energia de todo porte. No Brasil, o óleo ascarel só pode ser recebido pelas instalações da Rhodia, no Rio de Janeiro. E as exigências ambientais e de segurança para o seu transporte são muito grandes e custosas. Isso poderia explicar que tivesse sido enterrados clandestinamente, e ilegalmente, na famigerada Vala 7 do lixão industrial da OSCIP Utresa. Mais do que isso, encerrou-se a intervenção judicial na Utresa sem que fossem verificados eventuais danos ao subsolo e águas do lençol freático abaixo da famigerada Vala 7. Mesmo com todas as evidências, ninguém fez um movimento sequer, até hoje, para investigar a famigerada Vala 7. Os ambientalistas gaúchos mantêm um silêncio constrangedor sobre o local, assim como o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Este Tribunal de Contas, aliás, recusou no seu Plenário de sete conselheiros uma denúncia formal pedindo auditoria extraordinária operacional nos processos de licenciamento ambiental dos lixões industriais na Fepam (Fundação Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul). A alegação apresentada pelo atual presidente do TCE, conselheiro Cesar Miola, foi a mais singela: o TCE não tinha, e não tem, capacidade, experiência e gente especializada para promover a auditoria extraordinária operacional na Fepam. Ora, para resolver esse impasse era muito fácil: bastava contratar gente especializada necessária no mercado, por tempo necessário à realização das auditorias. Dinheiro é o que não falta para o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. Com tudo isso, os gaúchos da região metropolitana de Porto Alegre podem estar todos esses anos consumindo água contaminada por elementos nucleares, e cancerígenos, como o óleo ascarel, sem que ninguém tome providências. São cerca de quatro milhões de pessoas expostas a esses possíveis riscos.
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