quinta-feira, 7 de abril de 2011
Resgate de restos do Airbus Airfrance divide familiares de vítimas na França
A recente descoberta de novos destroços do Airbus A330 da Air France, que desapareceu no Atlântico dois anos atrás, é um grande avanço na tentativa de identificar as causas da tragédia. No entanto, para as famílias das 228 pessoas que morreram no desastre, a notícia também trouxe angústia e dúvidas. Na semana passada, as equipes de busca encontraram, além de pedaços do avião, também restos mortais de algumas das vítimas. Dentro de três semanas, começarão operações para a retirada de mais fuselagem, a uma profundidade de 4 quilômetros no Atlântico, e um número desconhecido de corpos deve ser retirado no processo. Inevitavelmente, isso deve reavivar a dor da perda entre amigos e parentes das vítimas. "Entre as famílias, há dois grupos", explica Robert Soulas, que perdeu sua filha, Caroline, de 24 anos, e o noivo dela, Sebastien: "Há os que preferem deixar os corpos no leito oceânico. E há os que querem trazê-los para identificação e funeral. O segundo grupo é definitivamente maior. De certa forma, é um debate inútil. O governo francês já deixou claro que os corpos serão trazidos à superfície. Então, não temos escolha". Para Soulas, acompanhar a operação de resgate promete ser uma experiência traumática. "Vai ser muito dolorido", ele disse: "Faz dois anos que perdemos Caroline e Sebastien, e, com o tempo, lidamos com o ocorrido. Agora, de repente, temos que enfrentar uma nova situação em que talvez tenhamos que cuidar de um corpo, identificá-lo, preparar um enterro e assim por diante". Um de seus temores é que apenas um dos corpos do casal seja recuperado: "Isso seria terrível para nós, separá-los dessa maneira". Segundo o médico forense Michel Sapanet, a profundidade pode ter ajudado a preservar os corpos: "Grande profundidade significa baixas temperaturas e pouco oxigênio na água, que são boas condições para preservação. O tecido adiposo pode se transformar em uma espécie de cera, que reduz a velocidade da decomposição". No entanto, ele adverte que a operação para trazer os restos mortais à superfície vai requerer grande cuidado, por conta das mudanças de pressão na água. Superado esse desafio, a identificação dos corpos não deve ser difícil. Agora, o Escritório de Investigações e Análises (BEA) precisa escolher qual embarcação iniciará o processo de resgate. Os barcos equipados para tal são usados por empresas de telecomunicações para instalar cabos no oceano, e três deles se candidataram para o serviço. A operação usará veículos controlados remotamente e equipados com câmeras, braços robóticos e garras cortantes, que partirão a fuselagem em pedaços para trazê-la à superfície. É possível que nem todas as partes da aeronave sejam removidas, só as consideradas essenciais para as investigações da causa do acidente. Assim, é possível que alguns dos corpos não sejam trazidos. Mas há grandes expectativas de que, desta vez, as caixas-pretas da aeronave sejam recuperadas.
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