sexta-feira, 8 de abril de 2011
Novo relatório do Mensalão do PT propõe investigação no Banco do Brasil
O relatório final da Polícia Federal sobre a origem do dinheiro do Mensalão do PT aponta total descontrole nos gastos do Banco do Brasil com publicidade e propõe que um inquérito apure o "incrível poder discricionário" dos diretores do banco para indicar empresas que são "agraciadas com recursos públicos". O relatório confirma que recursos repassados pelo Banco do Brasil foram uma das principais fontes do Mensalão do PT, um esquema montado para compra de apoio político no Congresso ao governo de Lula. Assinado pelo delegado Luís Zampronha, o relatório afirma que o desvio de recursos do Banco do Brasil para o esquema "somente seria possível com a participação ativa de membros da instituição financeira". Segundo a polícia, entre 2001 e 2005, o Banco do Brasil retirou R$ 151,9 milhões de sua cota no Fundo Visanet, criado por vários bancos para promover a bandeira de cartões Visa. Desse total, R$ 91,9 milhões foram repassados à DNA Propaganda, uma das agências de publicidade do empresário Marcos Valério, acusado de ser o principal operador do Mensalão do PT. A polícia concluiu que parte do dinheiro jamais chegou aos destinatários finais indicados nos documentos apresentados pela agência e foi desviada por Marcos Valério, seus sócios e funcionários. Outra parte foi destinada a negócios fictícios ou empresas que não comprovaram a realização dos serviços para os quais foram contratadas. Entre as 15 empresas que mais receberam recursos do Visanet em 2003, há empresas que não existiam formalmente na época dos repasses, como a Carre Airports, que ficou com R$ 1 milhão. Há casos em que a DNA, por meio de manobras contábeis e bancárias, se "apropriou" diretamente de recursos destinados a ações de marketing do Banco do Brasil. Em 2003, a DNA retirou, como "bônus", R$ 579 mil de um contrato de R$ 2,5 milhões assinado com uma casa de shows. A Polícia Federal também encontrou empresas, como a Editora Guia, que aparecem nas planilhas com mais recursos do que elas dizem ter recebido. Há, por fim, empresas que, segundo a Polícia Federal, não apresentaram documentos que "comprovem a efetiva veiculação de publicidade". O relatório menciona entre elas a TV Globo, que recebeu R$ 2,8 milhões em 2003 para "publicidade futura". O fundo Visanet, criado em 2001 e extinto em novembro de 2005, foi formado por 26 bancos, mas os gastos realizados pela DNA e examinados pela Polícia Federal estavam sob responsabilidade do Banco do Brasil. O então diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, filiado ao PT, havia trabalhado na campanha que elegeu o presidente Lula em 2002. Segundo a Polícia Federal, ele tinha total autonomia para escolher os beneficiários dos recursos que administrava. Segundo a polícia, os valores desviados dos contratos com o Banco do Brasil eram usados por Marcos Valério para abater parcelas de dois empréstimos que ele tomou nos bancos Rural e BMG para repassar ao PT.
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