sábado, 5 de fevereiro de 2011
Amazônia teve a pior seca dos últimos cem anos
A seca de 2010 da Amazônia foi a pior dos últimos cem anos. E a quantidade de CO2 emitido pelas árvores mortas pode ser parecida com as emissões dos Estados Unidos. As constatações são de estudiosos britânicos da Universidade de Leeds e de brasileiros do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Eles publicaram um artigo na revista "Science". O grupo de pesquisadores, liderado pelo britânico Simon Lewis, mostrou que a seca de 2010 foi mais intensa e afetou uma área maior que a estiagem de 2005, até então considerada recorde em várias décadas. No ano passado, uma área de 3 milhões quilômetros quadrados foi atingida pela estiagem, contra 1,9 milhão quilômetros quadrados em 2005. Os cientistas fizeram um cálculo do desvio da média de chuvas comuns nas estações secas da Amazônia (chamado de desvio padrão). "A intensidade da seca foi maior em 2010 em relação à média", explica o biólogo Paulo Brando, do Ipam, um dos autores do trabalho. A segunda parte do estudo, explica ele, verificou quais as consequências dessa seca do ponto de vista dos estoques de carbono. Aí vem a outra má notícia: com as secas, a floresta emitirá mais CO2 do que absorverá. Os pesquisadores relacionaram os dados de seca de 2010 com o crescimento das árvores (a partir de dados de campo coletados em 2005). A conclusão foi que a seca do ano passado pode emitir 5 bilhões de toneladas de CO2 para a atmosfera em 2010 e nos próximos anos. Isso não acontece de uma vez, já que a decomposição das árvores mortas é um processo lento. Para se ter uma idéia do que isso significa: a emissão da queima de combustíveis fósseis dos Estados Unidos é de 5,4 bilhões de toneladas por ano. Em condições "normais", estima-se que a Amazônia absorva 1,5 bilhão de toneladas de CO2 da atmosfera. "A seca de 2010 talvez tenha matado as árvores que já estavam vulneráveis por causa de 2005", explica Brando. "Pode ser que a floresta se recupere, mas ainda não fomos para campo medir. Ainda temos muito trabalho de campo pela frente", diz.
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