terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Mais de 150 cidades paulistas "exportam" lixo para aterros em outros municípios
O número de cidades que "exportam" o lixo que produzem para aterros em outros municípios mais que dobrou no Estado de São Paulo. Subiu, de 62, em 2002, para 156, aponta o mais recente levantamento feito pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), com números de 2009. O Estado tem 645 municípios. Em pelo menos 22 casos, a distância entre a cidade que produz e a que recebe o material supera os cem quilômetros, como ocorre com os municípios do litoral norte, onde a situação fica ainda pior nesta época do ano. No verão, as quatro cidades do litoral norte "exportam" todos os dias em média 540 toneladas de lixo produzido por moradores e turistas, quase o dobro da quantidade gerada fora da temporada (cerca de 300 toneladas/dia). São Sebastião, Ilhabela, Ubatuba e Caraguatatuba não têm aterro sanitário. Precisam encaminhar os resíduos para depósitos que ficam em outras cidades. Para transportar o lixo, 37 carretas cruzam diariamente a rodovia dos Tamoios, principal ligação entre a capital paulista e o litoral norte de São Paulo. Ubatuba gasta R$ 11 milhões por ano com coleta e transbordo do lixo, segundo o secretário de Obras e Serviços Públicos, José Roberto Monteiro Júnior. A situação vivida por essas 156 cidades é consequência direta da política adotada nos últimos anos pelo governo de São Paulo e que levou praticamente ao fim dos lixões, áreas onde os materiais desprezados pela população são depositados de maneira inadequada. As prefeituras foram obrigadas a procurar um local adequado para destinar o lixo, e parte delas decidiu por exportar o material, principalmente para aterros particulares. Para algumas cidades, essa é a solução mais barata. Para outras, como as do litoral, é a única opção. "As regiões litorâneas e as metropolitanas do Estado estão cada vez mais ocupadas. Além disso, existem as restrições ambientais em áreas de mangue, serra, parques, que limitam a disponibilidade de áreas para aterro", disse o gerente do setor de Apoio a Programas Especiais da Cetesb, Arontho Savastano Neto. Ele admite que há problemas em relação ao transporte do lixo por meio de caminhões em longas distâncias, mas disse que a solução ainda é melhor do que a disposição inadequada do material. O governo estuda instalar usinas de incineração de lixo nas regiões onde não há espaço para novos aterros. Gina Rizpah Besen, consultora na área de gestão de resíduos, avalia que a política que levou ao fim dos lixões e criação de aterros regionais é positiva, mas destaca pontos negativos do transbordo.
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