quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Aparelho mede pressão do cérebro sem furar o crânio
Uma nova técnica para medir a pressão interna do crânio foi desenvolvida por pesquisadores da USP. O método não requer a perfuração do crânio e é mais barato do que o usado hoje. A tecnologia, criada por uma equipe da USP de São Carlos, já foi testada em oito pacientes do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. O monitoramento é necessário quando há suspeita de aumento da pressão do crânio, como em derrames, tumores cerebrais, traumatismos e hidrocefalia. No método tradicional, os médicos perfuram a calota craniana para medir a alteração da pressão com um sensor, o que pode causar infecções pelo contato entre o cérebro e o meio externo. Com a nova técnica, é feita uma incisão no couro cabeludo e um sensor é colado no crânio, sem perfurar o osso. "É muito difícil haver infecção e, se houver, será na pele e de fácil tratamento", diz o farmacêutico-bioquímico Gustavo Frigieri, que fez os testes com o equipamento em sua tese de doutorado. Segundo o físico Sérgio Mascarenhas Oliveira, coordenador do grupo que desenvolveu a tecnologia, a técnica pode beneficiar centenas de milhares de pessoas. Para medir a pressão sem furar o osso, a equipe de Mascarenhas usou um sensor que mede a deformação de materiais na engenharia. O equipamento foi adaptado para o uso em seres humanos e mede a pressão pela dilatação do crânio. "Quanto maior a pressão, maior a dilatação", diz Frigieri. O equipamento da USP é mais barato do que o utilizado hoje: o sensor custa R$ 400,00 e o monitor, R$ 5.000,00. Já o método tradicional usa equipamentos importados. Segundo Frigieri, o monitor custa cerca de R$ 50 mil e um sensor descartável, pelo menos R$ 1.500,00. Além disso, a nova tecnologia não requer uma equipe de cirurgiões; basta um médico que faça o corte na pele e que seja treinado a operar a máquina. Os pesquisadores esperam que, com o baixo custo, a tecnologia possa ser oferecida no Sistema Único de Saúde, que não cobre os gastos do monitoramento tradicional, usado só na rede privada e em hospitais universitários, segundo o pesquisador.
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