segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Anistia pede que o Haiti entregue ex-ditador Baby Doc à Justiça
A organização de direitos humanos Anistia Internacional pediu nesta segunda-feira que as autoridades haitianas encaminhem o ex-ditador Jean-Claude Duvalier, de 59 anos, conhecido como Baby Doc, à Justiça após seu retorno ao Haiti. "As violações dos direitos humanos, generalizadas e sistemáticas, cometidas no Haiti durante o reinado de Duvalier representam crimes contra a humanidade. O Haiti tem a obrigação de perseguí-lo, assim como todos os responsáveis deste gênero de crime", afirmou Javier Zuñiga, conselheiro especial da organização com sede em Londres. "As autoridades haitianas devem romper com o ciclo de impunidade que prevaleceu durante décadas no Haiti. Não levar os responsáveis perante a justiça acabará provocando outras violações dos direitos humanos", afirma comunicado da organização. "Durante esses quinze anos no poder (1971-1986), a tortura sistemática e outros maus-tratos eram amplamente disseminados em todo o país. Centenas de pessoas "desapareceram" ou foram executadas. Os membros das forças armadas e da milícia, igualmente conhecidos como "Tontons macoutes", representaram um papel primordial na repressão de militantes pró-democracia e dos direitos humanos", acrescentou a Anistia. Baby Doc governou o país entre 1971 e 1986. Uma multidão recebeu o ex-ditador no aeroporto internacional Toussaint Louverture, onde chegou acompanhado de vários colaboradores. A notícia da presença de Baby Doc de novo no Haiti 25 anos após ser derrubado por uma revolta popular e no meio da crise que vive o país circulou pela capital e foi retransmitida ao vivo por várias emissoras de rádio. O retorno de Duvalier fez surgir perguntas na capital sobre o significado do retorno deste ex-líder, considerado, junto com seu pai, François, que governou entre 1957 e 1971, responsável por um regime que governou com mão de ferro, desprezo aos direitos humanos e corrupção. Seus governos são considerados responsáveis pela morte de milhares de opositores e do desvio de recursos significativos do país durante 29 anos. O presidente haitiano, René Préval, advertiu em 1997, durante seu primeiro mandato, que Duvalier seria preso se retornasse ao Haiti. Comentaristas destacaram que não é possível imaginar que as altas autoridades do país não estavam conscientes das diligências de Duvalier para voltar ao Haiti.
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