sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Cartel mexicano anuncia enfrentamentos e pede à população que fique em casa
O cartel de drogas mexicano La Familia Michoacana alertou nesta sexta-feira que, nas "próximas horas", haverá "enfrentamentos, bloqueios e guerrilhas" e deu um ultimato ao presidente Felipe Calderón para que aceite sua proposta de "paz". Em um comunicado divulgado em Morelia, capital do Estado de Michoacán, banhado pelo Oceano Pacífico, a quadrilha criminosa advertiu o governo que Calderón tem "até 24 de dezembro para contestar" sua proposta de "paz para o Estado", e caso a resposta seja negativa, o cartel alertou: "começaremos o ano em guerra". A mensagem foi enviada para meios de comunicação logo após o governo federal afirmar que tem "cercado" o cartel frente à "debilidade institucional" do governo local. O governo do Estado é liderado por Leonel Godoy Rangel, do Partido da Revolução Democrática, esquerdopata, que faz repressão frouxa à bandidagem. A presidência havia anunciado que "a única opção que resta os criminosos é entregarem-se às autoridades". O La Familia, por sua vez, afirmou que "mais vale morrer de pé do que viver de joelhos" e que "agora sim a batalha começa". O grupo criminoso ainda advertiu que "muito em breve chegaremos com nosso pessoal ao Estado de Michoacán, serão recuperados cada um dos territórios que nos foram retirados e serão assassinados todos aqueles que ofenderam La Família Michoacana, uma vez que nem o governo nos deterá, nem os cartéis". O documento enumera as cidades em que ocorrerão as ações, entre elas Morelia, Apatzingán, Zamora, Lázaro Cárdenas, Pátzcuaro, Uruapan, Zitácuaro e Sahuayo, e especifica os bares, centros noturnos e outros locais da capital do Estado que poderão ser alvo de algum enfrentamento. Os maiores ataques, apontou o grupo, "ocorrerão nas rodovias". "Nossa organização está realizando sequestros coletivos noturnos em estabelecimentos e em ruas públicas, por isso recomendamos que, se não têm por quê sair à rua, melhor que permaneçam em seus lares", anunciou o cartel, que ainda recomendou à população que "não saiam às ruas depois das 21h30" locais (00h30 no horário de Brasília). O cartel La Família Michoacana é considerado um dos grupos criminosos com maior peso no México e também um dos mais violentos. Seus membros se dedicam ao narcotráfico e cometem sequestros e extorsões. Seu chefe máximo, Nazario Moreno González, conhecido como El Chayo, foi morto em 9 de dezembro em um combate com soldados, efetivos da Marinha e policiais federais na região montanhosa do Estado. Na ocasião, morreram onze pessoas: cinco policiais federais, três civis e três traficantes. A Procuradoria Geral da República do México anunciou ontem que um dos chefes do La Família, Juan Reza Sánchez, também conhecido como Juanito, recebeu verbas governamentais por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação (Sagarpa) pelo menos até 2009. A guerra contra o narcotráfico, iniciada em 2006, após Calderón mobilizar tropas militares para combater os cartéis, já resultou em mais de 30 mil mortes, sendo que ao menos 12.456 ocorreram em 2010, segundo dados oficiais.
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