Do site do jornalista Reinaldo Azevedo: "O blog Coturno Noturno lembrou, muito apropriadamente, uma entrevista que Mônica Bergamo (na foto), colunista da Folha, concedeu à revista Imprensa em dezembro de 2007. Ali, ela faz uma declaração curiosa desde que as palavras façam sentido: “Olha, sou tudo, menos serrista". É claro que sinto coceira na ponta dos dedos para especular o sentido da palavra “tudo”, excetuando-se, como ela quer, o “serrismo”. Tudo pode significar, por exemplo, tudo mesmo… A entrevista enveredava pelo caminho do que é e do que não é ético publicar. Leiam esta pergunta e esta resposta: Imprensa - Então você não colocaria na coluna a notícia sobre um político ter uma amante ou uma filha fora do casamento, mesmo que esse político fosse o presidente?
Mônica Bergamo - Jamais… Não há interesse público nisso. Meu pai casou cinco vezes. Alguns desses casamentos foram concomitantes. Eu sei o que é isso. Esse assunto só interessa ao núcleo familiar. (…)
Mônica Bergamo jamais publicaria a informação sobre a amante de um político, mas dá curso à afirmação de uma fulana que acusou Mônica Serra de ter feito aborto, embora a “repórter” não tenha a menor evidência disso. Viu “interesse público” na fofoca, certamente. Qual? Ora, a mulher de Serra se diz contra o aborto, e há alguém afirmando que ela o praticou. Sem ter como verificar minimamente a veracidade da afirmação, a ética de Bergamo a leva a publicar o texto. Notável! Acusação de amante, jamais! Afinal, o pai dela teve “casamentos concomitantes”, e ela sabe “o que é isso” (!!!). Já acusação de aborto, aí tudo bem! Entenderam? Mônica Bergamo só consegue se solidarizar com as dores e as dificuldades que também lhe dizem respeito. É o chamado “egoísmo solidário”. Que coisa comovente! Uma outra resposta merece destaque:
Imprensa - Você já foi chamada de petista?
Mônica Bergamo - Já me chamaram de tucana e de petista. Em época de campanha as coisas ficam muito burras. Ou você é petista ou é tucana.
Como se nota, as coisas ficam “burras” na proporção em que o jornalismo de Mônica Bergamo se mostra ético e inteligente. Sem contar que há um norte moral embutido nessa resposta: se o jornalista não quiser que o acusem de vinculação com este ou com aquele lado, basta que seja aético com todo mundo. Todos ficarão zangados, e o amoral pode posar (Emir Sader e Zé Dirceu escreveriam “pousar”) de pessoa independente! Sem dúvida, estamos diante de um norte moral revolucionário! Se você quiser acusar uma pessoa pública de ter praticado aborto ou condescendido com ele, fique à vontade. Lance a acusação na chamada rede social. Mônica Bergamo levará para a “imprensa séria”. Em nome da transparência, do interesse público e do rigor jornalístico. História de amante é outra coisa. Aí é uma questão muito pessoal, que também faz sofrer a jornalista. Deus do céu! É o fundo do poço! ‘Tudo! Menos serrista!” Registrado.
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