O pastor americano Terry Jones é um exemplo do poder da internet. Com a ajuda de uma página no Facebook, o seu "Dia Internacional de Queimar um Alcorão" passou de uma campanha entre os fiéis da igreja cristã Dove World Outreach, na pequena cidade de Gainesville, com pouco mais de 95 mil habitantes, para uma discussão mundial que forçou o alto escalão do governo dos Estados Unidos a reagir. Jones, de 58 anos, já foi gerente de hotel e trabalhou por 30 anos como missionário na Europa. Em 1996, voltou à pequena Gainesville para dirigir a igreja evangélica e há anos protagoniza uma dura campanha contra o islamismo, que rendeu até mesmo o livro "Islam is of the Devil" ("Islã é do Demônio"). Nele, Jones conta que "o mundo enfrenta um grande perigo, a religião islâmica, que, se não for interrompido, será cedo ou tarde uma ameaça à liberdade de todas as nações e especificamente aos Estados Unidos. Apesar do islamismo proclamar ser a verdade, não é, como Jesus disse no livro de João, a verdade liberta as pessoas. O islamismo em vez disso, oprime e mata", continua o pastor. Aos interessados em ajudar a campanha, Jones oferece o livro em um site por US$ 12,99 (R$ 22,50), ao lado de canecas (R$ 26,00) e camisetas (R$ 27,00). Com entrevistas para os principais jornais e canais de TV americanos, a polêmica de Jones virou assunto de debate entre os americanos e chegou até mesmo a Washington. Nesta terça-feira, a Casa Branca declarou publicamente estar preocupada com a queima do Alcorão e alertou que o projeto coloca em risco as tropas americanas no Afeganistão e pode ser usada por terroristas como campanha contra os Estados Unidos. As críticas vieram também do general americano David Petraeus, chefe das tropas no Afeganistão, do chefe da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Anders Fogh Rasmussen, e da secretária de Estado, Hillary Clinton. A lista inclui ainda o Vaticano e a Liga Árabe. Jones diz entender os protestos, mas defende estar protegido pela Primeira Emenda da Constituição, que garante a liberdade de expressão. Ele afirma que os Estados Unidos "enfrentam um inimigo com o qual não se pode dialogar e ao qual deve se mostrar força", e nem mesmo as mais de cem ameaças de morte que diz ter recebido desde julho passado parecem intimidá-lo. Mas, para se garantir, ele começou a usar uma pistola calibre 40 na cintura, até mesmo durante os sermões.
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