O Ministério Público Federal em Mato Grosso ofereceu denúncia contra 36 pessoas por crime contra o meio ambiente, formação de quadrilha, fraude contra o sistema financeiro e falsidade ideológica. Segundo o órgão, "a quadrilha chefiada pelo ex-prefeito de Vila Rica, Leonídio Benedito das Chagas, grilava terras e explorava de forma ilegal madeira da Fazenda Califórnia, além de usufruir de recursos do BNDES, por meio de documentos falsos". Conforme a denúncia, para executar o esquema o grupo se dividia em três grupos. O primeiro comandava as fraudes, manipulando documentos fundiários necessários à comercialização das terras. O grupo contava com auxílio técnico de engenheiros, que cuidavam da inserção de dados incorretos nos mapas e memoriais, permitindo que a quadrilha deslocasse coordenadas geográficas de localização de títulos de outras propriedades para dentro da Fazenda Califórnia. Os documentos falsos eram usados na escrituração e registro imobiliário dessas fazendas, em cartórios de São Félix do Araguaia (MT) e Vila Rica (MT). De posse dos documentos fraudados, um segundo grupo de integrantes da quadrilha conseguia nos bancos acesso a linhas de financiamentos do BNDES, que eram utilizadas para exploração da madeira da floresta, localizada em área de proteção especial. De acordo com dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Fazenda Califórnia está localizada em área de preservação da Floresta Amazônica. Um terceiro grupo explorava e contratava pessoas para efetuar derrubadas e extrair madeira ilicitamente da área de reserva legal. Os procuradores calculam que o prejuízo ambiental provocado pelos crimes na Fazenda Califórnia somam R$ 228,9 milhões. O procurador da República responsável pelo caso, Mário Lúcio de Avelar, afirma que dois denunciados tiveram um papel fundamental para a concretização dos crimes. O ex-prefeito de Vila Rica, Leonídio Benedito das Chagas, participou de todas as negociações irregulares do bando. Avelar relata que a investigação constatou que o ex-prefeito "era um conhecido destruidor de floresta da região, e que só nos anos de 2001 e 2005 foi o principal responsável pelo desmatamento de 1.010 hectares de floresta nativa, dentro da área de preservação na Amazônia Legal". O engenheiro João Sérgio Sturmer fez pelo menos 13 memoriais descritivos ideologicamente falsificados, que foram utilizados pelo grupo para validar escrituras públicas, contratos particulares e registro imobiliários.
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