O risco de derrota em Minas Gerais é hoje o principal objeto de preocupação do comando do PSDB e da campanha de José Serra à Presidência. Hoje, o PSDB governa os dois maiores colégios eleitorais do Brasil. Mas, segundo as pesquisas de opinião, pode ficar restrito a São Paulo, caso o atual governador Antonio Anastasia seja derrotado pelo peemedebista Hélio Costa na disputa pela reeleição. De tão preocupado, o comando do PSDB desembarcou em Belo Horizonte na última terça-feira. A missão do presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE, que não se animou nem a concorrer à reeleição em seu Estado, e hoje é um simples candidato a deputado federal), é reforçar a estrutura da campanha tucana no Estado. "Vamos intensificar a campanha. O Anastasia vai ganhar a eleição, e o Serra vai crescer junto", torce magicamente o tucano Sérgio Guerra. Apesar de praticamente eleito para o Senado, o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, manifestou sua preocupação em reunião com Sérgio Guerra. De acordo com tucanos, Aécio Neves pediu que parte da arrecadação da campanha nacional do PSDB seja diretamente destinada ao comitê de Minas Gerais. O problema desses candidatos é sempre um só, dinheiro. Na verdade, Aécio Neves promove, em Minas Gerais, o mais explícito episódio de cristinianização da política brasileira desde a década de 50, quando o candidato presidencial mineiro Cristiano Machado foi violentamente traído pelo seu próprio partido, o PSD. O cálculo de Aécio Neves parece simples. Ele se elege senador agora, ganha mandato de oito anos, elimina definitivamente as pretensões presidenciais de José Serra, e sai candidato à Presidência em 2014. Mas, como política não é matemática, Aécio Neves não se dá conta de que a traição mineira de agora será retribuída com a traição paulista em 2014, para felicidade do petismo, que poderá se eternizar na Presidência da República. "Não é só São Paulo que merece atenção do comando do partido", afirmou o secretário-geral do PSDB, Rodrigo de Castro, ao justificar a natureza da viagem de Sérgio Guerra. Ora, os tucanos mineiros querem dinheiro da campanha de Serra para tentar salvar do desastre eleitoral o candidato Antonio Anastasia, o que pode macular as pretensões futuras de Aécio Neves.
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