A Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, concedeu nesta quarta-feira anistia política ao sociólogo Hebert de Souza, o Betinho (1935-1997). Betinho foi um dos coordenadores do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) e levantou a campanha chamada Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, a partir de 1993. A comissão decidiu que Betinho também terá direito a prestações mensais de R$ 2.29400, além de R$ 207,7 mil como valor retroativo. Esses valores serão recebidos pela viúva do sociólogo, Maria Nakano. Maria também foi considerada anistiada política. Ela receberá como indenização própria prestações mensais de R$ 1.205,00 além de R$ 109 mil como valor retroativo. Betinho foi perseguido pela ditadura por conta de suas ações contra o regime militar. Foi afastado do cargo de coordenador da equipe técnica do MEC (Ministério da Educação), função que exercia na época. Acabou partindo para o exílio em 1970 e só voltou ao Brasil em 1979. Maria Nakano deixou de assumir o cargo de professora porque, na época, vivia na clandestinidade. Ela deixou o país com Betinho e só retornou em 1980. Isso é o que se chama Bolsa Ditadura. Se essas pessoas queriam se opor à ditadura, foi uma escolha própria. Ninguém combate, ou decide combater, uma ditadura pensando em obter uma pensão no futuro. Portanto, o que Betinho e sua viúva ganharam não foi anistia, porque esta foi concedida em 1979 (tanto que permitiu o seu retorno do exílio). O que foi dado agora foi a Bolsa Ditadura. A imprensa brasileira, tremendamente petista, adere ao linguajar petista e chama o ato de agora de "concessão de anistia". É mentira absoluta, é fraude. A anistia foi concedida em 1979, resultado de projeto de lei encaminhado pelo governo militar ao Congresso Nacional, após entendimento com os partidos políticos à época. O que a petralhada concede agora são as escandalosas "Bolsas Ditadura".
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