domingo, 28 de março de 2010

Empresária diz que pagou propina no Distrito Federal

Uma empresária admitiu pela primeira vez à Polícia Federal que pagou propina de R$ 150 mil ao esquema do mensalão do Distrito Federal para conseguir que o governo de José Roberto Arruda (sem partido) liberasse pagamentos congelados. O depoimento foi prestado no dia 27 de janeiro por Nerci Soares, filmada entregando o dinheiro ao delator do Mensalão, Durval Barbosa. A representante da Unirepro usa expressões como "extorsão" e "pressão" para classificar a negociação feita com o delator Durval Barbosa. Segundo ela, os R$ 150 mil representavam cerca de 10% dos pagamentos que o governo do Distrito Federal devia a Unirepro. Ela já havia sido demitida pela Unirepro quando falou com a Polícia Federal. A empresária é dona da empresa Nerci SS Informática, que prestava serviços e era a responsável pela área comercial da Unirepro em Brasília. Nerci estava com problemas para conseguir os pagamentos atrasados de contratos da Unirepro com o governo, em especial nas secretarias de Educação e da Saúde. Segundo o depoimento, a empresária foi informada por pessoas do setor de informática do governo que "deveria conversar com Durval para tentar resolver os problemas com os atrasos". Nerci diz também que sabia que "havia empresas em pior situação". "A declarante agiu assim pagando Barbosa porque queria receber os pagamentos em atraso, não tendo encontrado outra forma para tal", diz o depoimento colhido pela Polícia Federal. Oficialmente, Durval Barbosa era secretário de Relações Institucionais e não tinha controle sobre despesas do governo Arruda. Segundo Nerci, Barbosa disse que "tais atrasos estavam ocorrendo em razão da Unirepro não ter se "adequado" ao sistema de trabalho na área de informática do governo". No primeiro encontro, em 2008, Barbosa teria pedido propina e a Unirepro negou. Em setembro de 2009, quando o delator Durval Barbosa já colaborava com a Justiça, a empresária o procurou de novo. Ela deu então R$ 150 mil ao operador do Mensalão, em encontro filmado por Durval Barbosa e entregue à Justiça. Segundo o depoimento, Nerci fez o pagamento sem autorização da Unirepro, com parte do dinheiro das comissões que ganhava. Ela disse temer que os atrasos levassem a Unirepro a fechar a filial em Brasília.

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