quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

OS NÚMEROS DA VIOLÊNCIA E A VIOLÊNCIA COM OS NÚMEROS

O texto a seguir é do jornalista Reinaldo Azevedo e mostra como é possível manipular informações e distorcê-las a favor do império bolivariano, do lulismo e dos interesses do PT. O texto é o seguinte: "A Folha de S. Paulo anuncia hoje, em manchete, com estardalhaço: “Homicídios crescem em São Paulo após dez anos”. Segue o rigor intelectual e a isenção jornalística que costumam caracterizar o caderno chamado “Cotidiano”. Quais são os dados? Foram 4.557 homicídios em 2009 contra 4.426 em 2008: 131 a mais. O estado de São Paulo tem 42 milhões de habitantes. Num gráfico, lá no pé da página, o jornal informa números que são públicos: em 1999, houve, em números arredondados, 12,8 mil homicídios. Em 2009, 4,5. A redução é de estupendos 65%. Trata-se de uma redução rara, se não for única, no mundo. Os números que interessam quando se pensa uma política de segurança pública são os chamados mortos por 100 mil habitantes: eram 35,27 há 10 anos contra 10,95 no ano passado. Comprando-se 2008 com 2009, tem-se 10,76 mortos por 100 mil antes contra 10,95 agora. O aumento é de 2,8%. Qualquer especialista isento sabe que isso não caracteriza nem mesmo uma tendência. Pode-se alegar sempre que esses dados estão na reportagem. Estou tratando aqui do que chamo “alarde”. Manchete e reportagem tentam caracterizar uma espécie de degeneração da segurança pública. E cometem, obviamente, uma omissão muito grave. O leitor tem o direito de saber se esses números, dada a realidade brasileira, colocam o estado de São Paulo entre os mais seguros ou os menos seguros do Brasil. No dia 12 de maio do ano passado, o secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, admitiu haver mais de 40 mil homicídios por ano no Brasil. Estudiosos da área e ONU falam em mais de 50 mil. São Paulo tem 21% da população brasileira e conta com 11% (segundo números do governo federal) ou 9% (segundo estudiosos) dos homicídios. Qualquer pessoa com os neurônios ajustados percebeu o óbvio, não? No Brasil como um todo, tem-se algo em torno de 25 homicídios por 100 mil habitantes; em São Paulo, 10,95%. ATENÇÃO: SE A TAXA DE HOMICÍDIOS NO BRASIL FOSSE IGUAL À DE SÃO PAULO, EM VEZ DE 40 MIL OU 50 MIL MORTOS, ELES SERIAM 21.900. SE ALGUÉM LÁ NO COTIDIANO QUER APRENDER A FAZER CONTA, EU ENSINO. Se a segurança pública no Brasil tivesse a eficiência da de São Paulo, seriam poupadas, por ano, entre 18.100 e 28.100 vidas. A Folha ignora reportagem do próprio jornal publicada em 2008. Levantamento junto a secretarias de segurança, com informações do IBGE, apontou os dez estados com maior número de homicídios por 100 mil. Comparem com os números de São Paulo: 1 - Alagoas - 66.2; 2 - Espírito Santo - 56.6; 3 - Pernambuco - 51,6; 4 - Rio de Janeiro - 45,1; 5 - Bahia - 32,8; 6 - Rondônia - 30,3; 7 - Distrito Federal - 28,0; 8 - Paraná - 27,1; 9 - Sergipe - 26,9; 10 - Mato Grosso do Sul - 25,2. Só uma coisinha: de 2009 para 2008, houve um aumento de 2,8% nos homicídios, certo? Ocorre que, de 2008 para 2007, a redução havia sido de fantásticos 9,25%. Posso estar enganado, mas acho que não foi manchete do jornal, que ainda colocou os números sob suspeita, e disso tenho certeza. “Nossa! Como você protege o governo de São Paulo!” Não! Protejo os fatos. Não adianta me atacar. Não adianta chutar a minha caenal, enfiar o dedo no meu olho e me chamar de bobo. Tentem contestar, os que puderem, os números. A manchete de hoje só serve de material ilustrativo da campanha eleitoral do PT e nada informa sobre a realidade da segurança pública em São Paulo.

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