Mães que tiveram seus filhos salvos pela Pastoral da Criança na cidade de Florestópolis são hoje voluntárias no trabalho de assistência a crianças carentes. Foi no pequeno município no norte do Paraná que teve início, como experiência-piloto, o projeto idealizado por Zilda Arns, hoje presente em 20 países. A cidade foi escolhida porque, no início dos anos 1980, tinha uma taxa de 127 mortes para cada mil nascidos. O então arcebispo de Londrina, Geraldo Majella Agnelo, propôs em 1983 a criação de uma pastoral. Foi ele quem apresentou às voluntárias católicas do município a médica Zilda Arns. Dois anos após o início do projeto, o índice de mortalidade no município recuou para 28 mortes a cada mil nascimentos. E a CNBB pediu a Zilda Arnes um projeto nacional de Pastoral da Criança. A localidade, a 480 quilômetros de Curitiba, fechou 2009 com 4,8 mortes por mil nascimentos. A experiência fez a médica Zilda Arns ser reverenciada na cidade. Com a morte dela, a prefeitura decretou luto oficial. Religiosos e voluntários da pastoral fazem vigília e cantam o hino da entidade quase como uma oração. Entre as 45 líderes da pastoral, que atendem 600 crianças no município, muitas foram beneficiadas pela organização no passado. A auxiliar de enfermagem Noceli Marcelino dos Santos, de 42 anos, é uma delas. Ela diz dever a vida da filha "à doutora Zilda e sua pastoral''. Em 1987, Laise dos Santos Silva, hoje com 23 anos, nasceu prematura. "Era raquítica, desnutrida e poucos acreditavam que sobreviveria", conta Noceli. Com a orientação recebida, a desnutrição foi vencida. Hoje, mãe de Larissa, de 4 anos, Laise afirma que sua filha não precisou ser assistida: "A gente, graças ao trabalho da pastoral, tem mais esclarecimentos sobre como cuidar dos filhos". Noceli está há 13 anos como voluntária na pastoral: ''Passei de assistida a assistente. E, toda vez que a doutora Zilda vinha a Florestópolis, era mais um incentivo para nosso trabalho, que agora terá que continuar em sua homenagem".
Nenhum comentário:
Postar um comentário