Leia matéria do jornalista Reinaldo Azevedo: "Na madrugada de sábado, publiquei o trecho da reportagem de VEJA desta semana que segue em azul. Não! Não o faço para minimizar a situação de José Roberto Arruda. Como já escrevi, espero que ele seja expulso do DEM e deposto: sem legenda, não poderá se candidatar a porcaria nenhuma no ano que vem. Acreditem: mesmo depois de tudo, é má sorte para o povo do Distrito Federal. Corre o risco de ficar entre Joaquim Roriz, aí em sua versão mais “pura”, e o PT. Mas isso não importa agora. Peço que leiam ou releiam o que segue. Volto depois: Por Gustavo Ribeiro. Comento em seguida. Não são raros os casos de chefes de estado que, vez por outra, se encontram na constrangedora situação de administrar fanfarronadas de parentes, amigos ou pessoas próximas. O presidente Lula não escapa dessa maldição. Ele já passou por essa situação algumas vezes, uma delas quando seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, foi pilhado pedindo dinheiro (”dois pau”) a um empresário do ramo de jogos. Agora, um genro do presidente aparece como protagonista de atos ilegais em uma investigação da Polícia Federal. O genro é Marcelo Sato, casado com Lurian, filha mais velha de Lula. Sato foi flagrado pelos policiais negociando o recebimento de 10.000 reais de um empresário ligado a uma quadrilha investigada por lavagem de dinheiro, operações cambiais clandestinas, ocultação de bens e tráfico de influência. Equivaleria a um certificado de boa conduta se tudo o que esses parentes e meios-parentes de Lula tivessem obtido de benefícios próprios em sete anos de governo fossem os “dois pau” para Vavá e os 10.000 reais para Sato, que deveria repassá-los a Lurian, conforme as gravações da PF. Mas a questão não pode ser colocada em termos de valores absolutos. É grave o caso de Marcelo Sato, oficialmente empregado como assessor parlamentar. O marido da filha do presidente prestava serviços a uma quadrilha, ora acompanhando processos em órgãos federais, ora usando sua condição de “genro” para agendar reuniões dos suspeitos com autoridades do governo". Voltei - Há a transcrição de conversas entre Sato e o empresário acusado de chefiar a quadrilha. Seu nome é João Nojiri, que acabou preso. Pergunto: não seria mesmo do balacobaco ouvir e “ver” esta conversa na TV? Sato se refere a seu sogro:
Nojiri: Tá, mas que horas você acha que é bom ir pra lá?
Sato: Ah, porque hoje ele vai receber o presidente de Guiné Equatorial. Era pras 15h. Ele tá atendendo agora a agenda das 13h45. Aí depois tem o presidente, tem a Dilma, tem o Múcio, aí a gente.
N: Então, mas que horas você acha que a gente tem que ir pra lá?
S: Umas 18h30, por aí. Em princípio, o Múcio tava pra umas 19h. Acho que ele vai antecipar tudo e a gente conversa com ele. Ele vai pro Chile e volta domingo. (…)
N: Onde você tá?
S: Agora eu tô aqui saindo do (Palácio da) Alvorada.
N: Você não quer encontrar antes da gente ir lá pro anexo?
S: Se você quiser ir pra lá, pode ir. Porque eu já vou acertar direitinho lá no gabinete agora, entendeu?
N: Pode deixar marcado. Deixa tudo certo. Tô falando pra conversar com você antes de eu te encontrar, pra ir junto pra lá.
Que que você quer fazer?
S: Quero sentar lá no Palácio agora, falar: “Vem pra cá tal hora, certinho, que a gente vai falar”
Nesta outra conversa, Nojiri procura falar com Lurian e aciona um certo Guilherme, amigo da filha do presidente Vejam pra quê.
Noriji: Eu precisava do rádio, do ID do rádio da Lurian.
Guilherme: Eu não tenho.
N: Achei que você tinha o radio dela.
G: Não, não tenho.
N: E como você fala com ela?
G: MSN
N: Tá bom, então. Eu estou conversando com ela por e-mail. Diz a ela que eu estou resolvendo a questão dela, de uma necessidade, até sexta feira. Para ela dar uma consultada na conta do marido.
G: Tem certeza que tem que ser na conta dele? Porque ele não vai dizer a ela que entrou e ele não autoriza a ficar checando conta…
Um hora e trinta e cinco minutos depois da primeira ligação, Nojiri manda sua secretária fazer dois depósitos de 5000 reais na conta de Marcelo Sato.
Noriji: Josi, aquele depósito. A Sacha te falou que tinha que fazer?
Secretária: Depósito do Village?
N: Não, o outro. Do Marcelo (Sato).
S: Tá aguardando um ok do senhor, se é pra fazer na conta dele ou na conta da esposa.
N: Faz na conta dele mesmo. Dois depósitos de 5, tá bom?.
S: Tá ótimo então. Vou falar pra fazer na conta dele.
Vinte minutos depois, João Nojiri liga para Marcelo Sato e informa sobre o depósito:
Nojiri: Oi, querido.
Marcelo Sato: Fala, querido. Tudo bem?
N: Eu estou fazendo um negócio pra você, tá? Tô sabendo que você tá precisando. Conta com isso.
M: Tá. Bom, a gente conversa direitinho…
Desfecho - Agora leiam trecho de uma reportagem na Folha de hoje: O procurador da República em Florianópolis, Marcelo da Mota, recorreu ao Tribunal Regional Federal, de Porto Alegre, da decisão da juíza Ana Cristina Krämer, da 1ª Vara Federal Criminal de Florianópolis, que considerou nulas as acusações contra 31 denunciados na Operação Influenza por causa de grampos ilegais, autorizados apenas pela Justiça estadual. No processo, Marcelo da Mota havia solicitado o encaminhamento ao Supremo Tribunal Federal de continuidade nas investigações de pessoas com foro privilegiado que apareciam nas gravações. Entre os políticos citados nas gravações estavam o deputado federal Décio Lima (PT-SC), o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique (PMDB), e o assessor parlamentar Marcelo Sato Rosa, que trabalha para a deputada estadual Ana Paula (PT), mulher de Décio Lima. Sato é casado com Lurian, filha do presidente Lula. Encerro. Entenderam? Certamente não preciso desenhar.
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