O senador José Nery (PSOL-PA) leu no Plenário do Senado Federal carta enviada ao presidente bolivariano Lula por Anita Leocádia Prestes, filha da comunista Olga Benário e do eterno chefe do PCB, Luiz Carlos Prestes, em defesa do terrorista italiano Cesare Battisti, antes do julgamento do pedido de extradição do mesmo pelo Supremo Tribunal Federal. O terrorista Battisti foi condenado pela Justiça italiana por quatro assassinatos, mas parlamentares e entidades de direitos humanos do Senado e da Câmara dos Deputados insistem em afirmar que ele é inocente (por que será). Anita Leocádia fez um paralelo entre a situação do terrorista Cesare Battisti e a vivida por sua mãe, Olga Benário. Diz o jornalista Reinaldo Azevedo: "Cada um faça o que quiser com a memória de sua família, mas a história a que ela se refere pode ser submetida a exame e evidencia: a comparação é esdrúxula, estúpida mesmo. Se semelhança há, é só uma: Olga Benário, hagiografia à parte, também era chegada a uma ação que poderia ser caracterizada de terrorista. Estava no Brasil a serviço do Comintern, preparando o levante comunista no Brasil, que resultou na Intentona de 1935. Se a ação foi atrapalhada, aí é outra coisa. Olga era uma executora da política comunista — e, como tal e já escrito aqui hoje, não via diferença entre sangue de homem e sangue de boi. A semelhança é só essa. O resto é pura vigarice intelectual. O Brasil que deportou Olga Benário era uma ditadura; tratou-se de uma decisão unipessoal, do ditador, que tinha simpatia pelo regime que solicitara a extradição: o nazismo. Brasil e Itália são democracias, onde vige plenamente o estado de direito. Se Anita Leocádia quer fazer o paralelo, digamos que Olga e Battisti, com efeito, partilham uma mesma falha moral: a morte do outro, sob certas circunstâncias, tem utilidade política. Mas os estados brasileiro e italiano não padecem das mesmas misérias de que padeciam o Brasil de Vargas e a Alemanha nazista. Ademais, Anita Leocádia deveria tomar cuidado em matéria de assassinato. Podem achar alguns que sinto um especial prazer em desmoralizar as teses das esquerdas. Não! Parece que elas é que gostam de se desmoralizar. Afirmei que Anita Leocádia, filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário, deveria ser mais cuidadosa quando se refere a crimes da esquerda e mesmo quando, nesse particular, evoca a memória dos pais. Até porque é historiadora. Peço que vocês leiam atentamente a história. que segue. Ela reflete o que é a moral profunda de uma comunista. Quem não conhece ficará impressionado. Renderia um belo e terrível filme. Mas ninguém o fará. Desde menina, Elvira Cupelo Colônio (na foto) acostumara-se a ver, em sua casa, os numerosos amigos de seu irmão, Luiz Cupelo Colônio. Nas reuniões de comunistas, fascinava-se com os discursos e com a linguagem complexa daqueles que se diziam ser a salvação do Brasil. Em especial, admirava aquele que parecia ser o chefe e que, de vez em quando, lançava-lhe olhares gulosos, devorando o seu corpo adolescente. Era o próprio Secretário-Geral do Partido Comunista do Brasil (PCB), Antonio Maciel Bonfim, o “Miranda”. Em 1934, então com 16 anos, Elvira Cupelo tornou-se a amante de “Miranda” e passou a ser conhecida, no Partido, como “Elza Fernandes” ou, simplesmente, como a “garota”. Para Luiz Cupelo, ter sua irmã como amante do secretário-geral era uma honra. Quando ela saiu de casa e foi morar com o amante, Cupelo viu que a chance de subir no Partido havia aumentado. Entretanto, o fracasso da Intentona, com as prisões e os documentos apreendidos, fez com que os comunistas ficassem acuados e isolados em seus próprios aparelhos. Nos primeiros dias de janeiro de 1936, “Miranda” e “Elza” foram presos em sua residência, na Avenida Paulo de Frontin, 606, Apto 11, no Rio de Janeiro. Mantidos separados e incomunicáveis, a polícia logo concluiu que a “garota” pouco ou nada poderia acrescentar aos depoimentos de “Miranda” e ao volumoso arquivo apreendido no apartamento do casal. Acrescendo os fatos de ser menor de idade e não poder ser processada, “Elza” foi liberada. Ao sair, conversou com seu amante que lhe disse para ficar na casa de seu amigo, Francisco Furtado Meireles, em Pedra de Guaratiba, aprazível e isolada praia da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Recebeu, também, da polícia, autorização para visitá-lo, o que fez por duas vezes. Em 15 de janeiro, Honório de Freitas Guimarães, um dos dirigentes do PCB, ao telefonar para “Miranda” surpreendeu-se ao ouvir, do outro lado do aparelho, uma voz estranha. Só nesse momento, o Partido tomava ciência de que “Miranda” havia sido preso. Alguns dias depois, a prisão de outros dirigentes aumentou o pânico. Segundo o PCB, havia um traidor. E o maior suspeito era “Miranda”. As investigações do “Tribunal Vermelho” começaram. Honório descobriu que “Elza” estava hospedada na casa do Meireles, em Pedra de Guaratiba. Soube, também, que ela estava de posse de um bilhete, assinado por “Miranda”, no qual ele pedia aos amigos que auxiliassem a “garota”. Na visão estreita do PCB, o bilhete era forjado pela polícia, com quem “Elza” estaria colaborando. As suspeitas transferiram-se de “Miranda” para a “garota”. Reuniu-se o “Tribunal Vermelho”, composto por Honório de Freitas Guimarães, Lauro Reginaldo da Rocha, Adelino Deycola dos Santos e José Lage Morales. Luiz Carlos Prestes, escondido em sua casa da Rua Honório, no Méier, já havia decidido pela eliminação sumária da acusada. O “Tribunal” seguiu o parecer do chefe e a “garota” foi condenada à morte. Entretanto, não houve a desejada unanimidade: Morales, com dúvidas, opôs-se à condenação, fazendo com que os demais dirigentes vacilassem em fazer cumprir a sentença. Honório, em 18 de fevereiro, escreveu a Prestes, relatando que o delator poderia ser, na verdade, o “Miranda”. A reação do “Cavaleiro da Esperança” foi imediata. No dia seguinte, escreveu uma carta aos membros do “Tribunal”, tachando-os de medrosos e exigindo o cumprimento da sentença. Os trechos dessa carta de Prestes, a seguir transcritos, constituem-se num exemplo candente da frieza e da cínica determinação com que os comunistas jogam com a vida humana: “Fui dolorosamente surpreendido pela falta de resolução e vacilação de vocês. Assim não se pode dirigir o Partido do Proletariado, da classe revolucionária.” … “Por que modificar a decisão a respeito da “garota”? Que tem a ver uma coisa com a outra? Há ou não há traição por parte dela? É ou não é ela perigosíssima ao Partido…?” … “Com plena consciência de minha responsabilidade, desde os primeiros instantes tenho dado a vocês minha opinião quanto ao que fazer com ela. Em minha carta de 16, sou categórico e nada mais tenho a acrescentar…” … “Uma tal linguagem não é digna dos chefes do nosso Partido, porque é a linguagem dos medrosos, incapazes de uma decisão, temerosos ante a responsabilidade. Ou bem que vocês concordam com as medidas extremas e neste caso já as deviam ter resolutamente posto em prática, ou então discordam mas não defendem como devem tal opinião.” Ante tal intimação e reprimenda, acabaram-se as dúvidas. Lauro Reginaldo da Rocha, um dos “tribunos vermelhos”, respondeu a Prestes: “Agora, não tenha cuidado que a coisa será feita direitinho, pois a questão do sentimentalismo não existe por aqui. Acima de tudo colocamos os interesses do P.” Decidida a execução, “Elza” foi levada, por Eduardo Ribeiro Xavier (”Abóbora”), para uma casa da Rua Mauá Bastos, Nº 48-A, na Estrada do Camboatá, onde já se encontravam Honório de Freitas Guimarães (”Milionário”), Adelino Deycola dos Santos (”Tampinha”), Francisco Natividade Lira (”Cabeção”) e Manoel Severino Cavalcanti (”Gaguinho”). Elza, que gostava dos serviços caseiros, foi fazer café. Ao retornar, Honório pediu-lhe que sentasse ao seu lado. Era o sinal convencionado. Os outros quatro comunistas adentraram à sala e Lira passou-lhe uma corda de 50 centímetros pelo pescoço, iniciando o estrangulamento. Os demais seguravam a “garota”, que se debatia desesperadamente, tentando salvar-se. Poucos minutos depois, o corpo de “Elza”, com os pés juntos à cabeça, quebrado para que ele pudesse ser enfiado num saco, foi enterrado nos fundos da casa. Eduardo Ribeiro Xavier, enojado com o que acabara de presenciar, retorcia-se com crise de vômitos. Perpetrara-se o hediondo crime, em nome do Partido Comunista. Poucos dias depois, em 5 de março, Prestes foi preso em seu esconderijo no Méier. Ironicamente, iria passar por angústias semelhantes, quando sua mulher, Olga Benário, foi deportada para a Alemanha nazista. Alguns anos mais tarde, em 1940, o irmão de “Elza”, Luiz Cupelo Colônio, o mesmo que auxiliara “Miranda” na tentativa de assassinato do “Dino Padeiro”, participou da exumação do cadáver. O bilhete que escreveu a “Miranda”, o amante de sua irmã, retrata alguém que, na própria dor, percebeu a virulência comunista: “Rio, 17-4-40 - Meu caro Bonfim, acabo de assistir à exumação do cadáver de minha irmã Elvira. Reconheci ainda a sua dentadura e seus cabelos. Soube também da confissão que elementos de responsabilidade do PCB fizeram na polícia de que haviam assassinado minha irmã Elvira. Diante disso, renego meu passado revolucionário e encerro as minhas atividades comunistas.Do teu sempre amigo, Luiz Cupelo Colônio”. O relato acima está nas páginas 238 a 243 do livro "Combate nas Trevas", do esquerdista Jacob Gorender. O papel desempenhado por Prestes é ainda mais pusilânime, mais covarde, mais assustador. Deixa entrever suspeita de psicopatia. Prestes morava, à época, numa casa da rua Honório em companhia justamente de Olga Benário. Todos sabem que ela era, por formação intelectual e decisão do Comintern, chefe dele. Portanto, mais ela do que ele decidiu a morte da garota Elvira, a “Elza”. Olga também foi assassinada, como sabemos. As duas tiveram uma morte terrível. Uma virou mito. A outra virou pó. Olga, afinal, era uma mártir do comunismo. Como tal, merece ser reverenciada. Elvira/Elza era só uma coitada do povo, analfabeta, de que a outra foi juíza implacável. Nenhuma delas teve direito à defesa. Mas só uma virou heroína. A outra foi para sempre esquecida, como costuma acontecer com as vítimas das esquerdas".
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