sábado, 24 de outubro de 2009
Argentina condena ex-general e ex-coronel à prisão perpétua por crimes na ditadura
Um tribunal argentino condenou na sexta-feira à prisão perpétua o ex-general Jorge Olivera Róvere por crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura (1976-1983), depois de um processo considerado dos mais importantes dos últimos 25 anos no país. A Corte condenou também à mesma pena o coronel da reserva Bernardo Menéndez e absolveu os ex-militares Felipe Alespeiti, Humberto Lobaiza e Teófilo Saá. Róvere, de 82 anos, era o braço direito de Carlos Suárez Mason, um dos símbolos da ditadura, e os outros antigos militares eram julgados desde fevereiro passado por mais de 120 casos de sequestro e desaparecimento. Só nove das vítimas sobreviveram. Entre os mortos estão o escritor argentino Haroldo Conti, os parlamentares uruguaios Zelmar Michelini e Héctor Rodríguez Ruiz, e os guerrilheiros tupamaros Rosario Barredo e William Whitelaw. O promotor federal Félix Crous tinha pedido prisão perpétua para Róvere e Menéndez, e 25 anos de prisão para outros três envolvidos. A audiência final foi acompanhada por vários parentes dos acusados e membros de organismos humanitários, que reagiram com indignação ao ouvirem a sentença. Os julgamentos dos acusados de crimes durante a ditadura argentina foram retomados depois da revogação, em 2005, das "leis do perdão" (Ponto Final e Obediência Devida) aprovadas em 1986 e 1987, e que foram consideradas inconstitucionais pela Suprema Corte. Vários oficiais da ditadura foram condenados a penas de prisão perpétua após a retomada dos julgamentos referentes ao período. Em julho de 2008, o ex-comandante Luciano Menéndez foi condenado a passar a vida na prisão por crimes cometidos em La Perla, um dos três maiores campos clandestinos de detenção da ditadura do país. Quatro meses depois, o coronel da reserva Alberto Barda recebeu a mesma pena por crimes de lesa-humanidade cometidos no centro clandestino de detenção conhecido como La Cueva, na cidade de Mar del Plata. No último dia 12 de agosto, o ex-general Santiago Omar Riveros, 86, ex-comandante do Campo de Mayo, foi condenado à prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade, por implicação no assassinato de Floreal Avellaneda, de 15 anos, filho de um militante comunista, e pelo sequestro da mãe do jovem, Iris Avellaneda. Também está preso o ex-ditador Jorge Videla, 84, que presidiu a junta militar desde o golpe de Estado, em 1976, até 1981.
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