Em todos os discursos que fez nos últimos dias de campanha para o referendo deste domingo, o presidente da Venezuela, o cantinflesco ditador Hugo Chávez insistiu em um num ponto: "Essa reforma constitucional transformará a Venezuela em uma potência mundial”. Para um país que tem apenas o 37º PIB do mundo (US$ 182 bilhões, quase seis vezes menor que o do Brasil), aparentemente isso não passa de uma monumental bravata de um delirante e psicopata líder populista. Acontece que o tiranete caribenho não está brincando. A importância da reforma constitucional que ele persegue para esse projeto de domínio mundial está na reformulação do Artigo 153 da Constituição. O texto atual fala em "promover a integração latino-americana e caribenha", nos termos usuais dos tratados internacionais. A nova formulação elimina a idéia de relações entre nações e estabelece como objetivo transformar o subcontinente em uma só nação. "A República promoverá a integração, a confederação e a união da América Latina e do Caribe", diz o novo texto. O objetivo é "a estruturação de novos modelos que permitam a criação de um espaço geopolítico, dentro do qual os povos e governos de nossa América vão construindo um só projeto grão-nacional, a que Simón Bolívar chamou ‘uma nação de Repúblicas’", prossegue o novo texto do Artigo 153. Quando fala de "revolução socialista bolivariana", Chávez não está pensando apenas na Venezuela. Se estivesse, seria apenas uma "revolução socialista". O termo "bolivariano" significa, para ele, levar adiante um plano idealizado por Bolívar há 200 anos, de criar uma poderosa nação americana. Chávez não reinventou isso agora. Essa tese renasceu há 40 anos na Venezuela, e desde então tem influenciado não só a esquerda revolucionária civil como a militar, da qual Chávez é ao mesmo tempo um produto, um importante formulador e um líder. Segundo essa linha de pensamento, a Venezuela é a líder natural dessa grande nação latino-americana, por possuir as maiores reservas de petróleo do mundo, segundo as estimativas da estatal PDVSA, que levam em conta depósitos prováveis e possíveis, óleo extra-pesado e betume, que se tornarão rentáveis à medida que a tecnologia avance e o preço do barril se mantenha nos níveis exorbitantes em que está hoje.
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