O general reformado Raúl Baduel, ex-ministro da Defesa da Venezuela, afirmou na sexta-feira que a insistência do presidente Hugo Chávez em "impor" a reforma à Constituição rejeitada no referendo de domingo passado "consumaria um golpe de Estado". Sem citar explicitamente Chávez, disse que "personagens que estiveram vinculados a impor essa mal chamada reforma", que ele não duvidou em assinalar "como uma fraude constituinte", pretendem agora "impô-la por outras vias", o que, se acontecer, "consumará um golpe de Estado contra a Constituição". Baduel, hoje uma das principais vozes da oposição, foi aliado próximo de Chávez durante mais de 25 anos. Juntos, os dois participaram do movimento de 4 de fevereiro de 1992 (tentativa de golpe contra o então presidente Carlos Andrés Pérez). Baduel disse que o oficialismo admite que não retrocederá em seu empenho de "impor" a reforma, através dos poderes que os deputados transferiram a Chávez, de uma emenda constitucional que pode ser apresentada pelo Executivo ou o Legislativo, e "por iniciativa popular ou outra via". O general, que liderou a contra-ofensiva militar que no dia 13 de abril de 2002 fez com que Chávez recuperasse o cargo após o golpe de Estado do qual tinha sido vítima 48 horas antes, pediu ainda que a oposição não se desmobilize diante do que chamou de "atitude desafiadora" do governo. "É anunciada abertamente uma atitude desafiadora em direção ao coletivo e em direção ao povo venezuelano, e essas ameaças se materializaram no passado. Por isso, insisto em que devemos estar atentos, porque podemos esperar qualquer coisa quando vemos como se ameaça o povo tentando impor-lhe algo que definitivamente rejeitou", disse. O general reformado voltou a pedir ao eleitorado opositor que, uma vez derrotada a proposta em referendo, mobilize-se por uma Assembléia Nacional Constituinte, porque uma vez que "se conquista um objetivo, não é tempo de desmobilizar-se, nem tempo de dormir. É tempo de consolidar o objetivo!", exclamou.
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