quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Bolívia rescinde contrato de obra da Queiroz Galvão
O governo da Bolívia confirmou nesta quarta-feira sua decisão de rescindir contrato com a construtora brasileira Queiroz Galvão, devido a problemas técnicos em uma estrada do sul do país. O novo ministro de Obras Públicas da Bolívia, José Antonio Kinn, anunciou ainda a criação de uma comissão interministerial para analisar o processo de ruptura contratual. Horas antes da declaração do ministro, fontes da estatal ABC (Administradora Boliviana de Estradas) disseram que a entidade está estudando um relatório emitido pela Queiroz Galvão. O documento é uma resposta aos argumentos do governo boliviano para rescindir o contrato, assinado com a construtora no final de 2003. No final de agosto, as autoridades bolivianas disseram que foram encontradas fissuras na estrada construída pela Queiroz Galvão nos Departamentos de Chuquisaca, Tarija e Potosí. Segundo a empresa, porém, a construção avançou 77% em mais de três anos. A Queiroz Galvão está encarregada desde 2003 de pavimentar 420 quilômetros de estradas no sul da Bolívia, o que permitiria ao país melhorar suas conexões viárias com o Paraguai e a Argentina. A ABC justifica a rescisão do contrato com o "descumprimento" do cronograma de obras por parte da companhia brasileira, "levando em conta a suspensão dos trabalhos de pavimentação, de terraplanagem e o atraso na correção dos trabalhos defeituosos”. Um relatório divulgado pela construtora indica que as mudanças de curvatura na estrada são causadas pela umidade da região. Para a ABC, no entanto, os problemas são "de construção”. A administradora boliviana disse ainda que a empresa brasileira Ecoplan Noronha, encarregada do controle da construção, "não fez uma supervisão efetiva", já que teria começado os trabalhos seis meses depois do início das obras, quando foi contratada através de decreto do ex-presidente Carlos Mesa. No início de agosto, a ABC apresentou à Promotoria de Potosí, no sudeste do país, uma ação penal contra as duas firmas brasileiras e contra o ex-presidente da entidade estatal, José María Bacovick. A decisão de processá-los foi tomada após a realização de três avaliações técnicas do trabalho da Queiroz Galvão. Os relatórios determinaram que o processo de contratação "foi discricionário e pouco transparente", que houve uma "mudança unilateral das especificações técnicas por parte da empresa" e que as fissuras "estão ligadas a trabalhos de construção”. "Durante as visitas às obras, observamos que havia elementos orgânicos misturados ao cimento, como raízes e galhos, e que os sacos com o material não estavam protegidos da chuva", afirmou uma fonte da ABC. O presidente da Bolívia, Evo Morales, criticou na terça-feira a Queiroz Galvão, destacando que a obrigação de seu governo é "impedir que haja empresas enganando o Estado”.
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