segunda-feira, 27 de agosto de 2007

A nova sensação de Macalão, ele diz que três deputados e um prefeito gaúchos estão envolvidos no escândalo dos selos

O esquema da segurança pública do Rio Grande do Sul fez de tudo, na última sexta-feira, para impedir que Ubirajara Amaral Macalão, funcionário da Assembléia Legislativa do Estado que está recolhido ao Presídio Central de Porto Alegre, por ordem judicial, falasse com a imprensa. Macalão foi levado do presídio para a Assembléia, onde depôs por oito horas, sob um grande aparato de segurança. Ele está indiciado em um processo administrativo que visa demiti-lo a bem do serviço público da Assembléia Legislativa, onde atuou como Diretor Administrativo nos últimos anos. Na saída da Assembléia, cercado por seguranças e agentes penitenciários, Macalão gritou para os jornalistas: ”Tem três deputados e um prefeito envolvidos. Não estou sozinho nisso”. A frase de Macalão ecoou pelos microfones das emissoras de rádio para todo o Estado e instalou o imediato terror nos gabinetes dos deputados da Assembléia Legislativa. Imediatamente alguns começaram a elaborar um “bookmaker” para ver quem acerta os nomes dos deputados estaduais envolvidos no escândalo de desvio de recursos públicos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, um sistema de roubo que se perpetuou por mais de oito anos. O mais engraçado é que, nesse período, várias administrações se vangloriaram por terem, supostamente, instalado programas de qualidade, para a melhoria dos serviços e redução de custos. Enquanto isso o dinheiro escorria por uma grande quantidade de ralos, da maneira mais primária possível, agora se sabe que com a participação de deputados estaduais, conforme declaração de Macalão. Ubirajara Amaral Macalão está preso, pela segunda vez, desde a última quarta-feira, agora a pedido do Ministério Público Estadual, para responder por um segundo caso, o recebimento de propina mensal da prestadora de serviços de limpeza da Assembléia Legislativa. Era com o dinheiro desta propina de R$ 3.000,00 que Macalão ia pagando as 50 mensalidades da compra da casa de praia no balneário de Xangri-lá, no litoral norte do Rio Grande do Sul. A primeira prisão foi pedida pela Polícia Federal, que também está investigando o caso. Aliás, esta é uma grande incógnita ainda não explicada até o momento. Por qual razão a Polícia Federal investiga este caso? Ele não tem nada a ver com assunto de interesse federal, não fere interesses federais, não se constitui em crime federal. Então, por que a Polícia Federal investiga o escândalo dos selos da Assembléia Legislativa? Será que o secretário de Segurança do Rio Grande do Sul, delegado federal José Francisco Malmann, “terceirizou” as atribuições e serviços da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, passando-as para a Polícia Federal, de onde é originário? É alarmante o silêncio da Polícia Civil gaúcha neste episódio. Ninguém se manifestou até o momento, ninguém abriu um inquérito para investigar as denúncias envolvendo a Assembléia Legislativa gaúcha. Afinal de contas, para que os gaúchos pagam policiais civis? Uma prova desta inutilidade da Polícia Civil gaúcha, e da total intromissão da Polícia Federal em área de atribuição estadual, do governo gaúcho, está na declaração do procurador geral da Assembléia Legislativa, Fernando Bolzoni. Ele disse que as novas denúncias de Macalão não são tema do inquérito administrativo e que seria repassadas ao Ministério Público Estadual. Mas, então, de novo: para que serve a Polícia Civil gaúcha? Seria interessante alguém perguntar a Macalão se ele era um efetivo Diretor Administrativo da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul ou apenas um “laranja”, executando ordens de um verdadeiro “manda chuva”; neste caso, perguntar a ele o nome deste “manda-chuva”, e o horário em que ele dava expediente paralelo à direção de outro órgão estadual que ele exerce. Deveria também ser perguntado a Macalão o que ele sabe sobre contratação de helicópteros pela Assembléia Legislativa, quem era o passageiro e qual o roteiro das viagens; perguntar também se conduziu um processo de contratação de veículos de luxo para os deputados estaduais, por meio de “leasing”, e se estes carros não passaram para o nome dos deputados, quando a Assembléia se retirou do contrato de “leasing”, deixando um “resíduo” de poucas prestações a serem assumidas pelos parlamentares; nesse caso, perguntar quais parlamentares ganharam carros (e que tipo de carro) quase de graça do Parlamento gaúcho? Também deveria ser perguntado a Macalão se ele sabe de deputados que utilizavam uma loja de consertos de odômetros localizada na Avenida Sertório, especializada na adulteração de quilometragem de carros, para que os deputados pudessem retirar a verba mensal pela utilização de seus até três veículos particulares (tudo isso nas costas do contribuinte gaúcho). Depois de conhecer o inferno do Presídio Central, não resta mais alternativa a Macalão senão contribuir com informações. E esse é o produto que ele mais tem. Enquanto isso, a Polícia Federal também terá de explicar porque continua investigando as 68 mil ligações telefônicas feitas pelos celulares alugados pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul e utilizados por Macalão. Qual é a razão para o delegado federal Andrei Rodrigues estar destacado para esse serviço?

Um comentário:

Fernando Xavier disse...

Vitor, o povo quer saber quem são estes Deputados, quando o Macalão vai abrir o jogo.