Relatórios emitidos pela Emater têm apontado que as lavouras de soja do Rio Grande do Sul já têm uma perda de mais de 30% devido à estiagem que atinge algumas áreas do Estado. A produtividade média da lavoura de soja no Rio Grande do Sul na safra 2024/2025 é estimada em 3.179 kg/ha. Esta estimativa é da Emater/RS-Ascar e corresponde à área de cultivo projetada de 6.811.344 hectares.
A produtividade da soja é estimada entre 58,28 e 61,53 sacas por hectare, com média de 59,85, ligeiramente acima do número de agosto de 59,63 scs/há. Para o milho, o intervalo esperado pelo mercado é de 188,82 a 192,84 sacas por hectare, com média de 191,12, levemente mais baixa do que a última estimativa de 191,54 sacas por hectare. A produtividade da lavoura americana de soja é no mínimo de 3.600 quilos por hectare.
Qual é o motivo para haver uma disparidade assim tão grande entre as produtividades de lavouras no Brasil e nos Estados Unidos?
Tudo parece se centrar na questão da água. Os Estados Unidos utilizam muita irrigação em suas lavouras e colhem resultados expressivos.
No Rio Grande do Sul, quase todas as décadas, ocorrem três anos, no mínimo, de estiagem ou secas longas, prolongadas, que acabam com as safras. O Rio Grande do Sul está sentado sobre um enorme oceano subterrâneo, formado pelas águas do Aquifero Guarani. Esse aquífero Guarani abrange partes dos territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e, principalmente, Brasil, ocupando 1 200 000 km².
O Aquífero Guarani já foi considerado o maior do mundo: hoje, é considerado o segundo maior, capaz de abastecer a população brasileira durante 2 500 anos. A maior reserva atualmente conhecida é o Aquífero Alter do Chão, na Amazônia, com o dobro do volume do Aquífero Guarani.
A maior parte (70% ou 840 000 km²) da área ocupada pelo aquífero — cerca de 1 200 000 km² — está no subsolo do centro-sudoeste do Brasil. O restante se distribui entre o nordeste da Argentina (255 000 km²), noroeste do Uruguai (58 500 km²) e sudeste do Paraguai (58 500 km²), nas bacias do rio Paraná e do Chaco-Paraná.
O Aquífero Guarani em uma espessura média de 250 metros e um volume de aproximadamente 45 000 km³. A profundidade máxima é por volta de 1 500 metros, com uma capacidade de recarregamento de aproximadamente 160 km³ ao ano por precipitação (chuvas).
Esta vasta reserva subterrânea pode fornecer água potável ao mundo por 200 anos.
As reservas do Aquífero Guarani abastecem a maior parte das cidades do oeste paulista. Uma equipe de geólogos da USP elaborou um estudo do impacto nas reservas de água, considerando a retirada adicional de até 150 m³ de água por hora para avaliar se o aquífero suportaria este acréscimo de consumo a longo prazo, considerando a estiagem. Com uma precipitação pluviométrica normal, calcula-se que o aquífero suporta uma retirada total de até 1 m³ por segundo ou 3 600 m³ por hora.
No Brasil, oito Estados são abrangidos pelo aquífero Guarani. A cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, é toda abastecida por água subterrânea extraída dele.
Já em Santa Catarina e Paraná, em extensas áreas do aquífero a água não é potável, por excesso de sais. Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais são Estados que requerem mais estudos, embora, neles, as águas tendam a ter boa qualidade.
Área do aquífero Guarani nos Estados brasileiros:
Mato Grosso do Sul (213 700 km²)
Rio Grande do Sul (157 600 km²)
São Paulo (155 800 km²)
Paraná (131 300 km²)
Goiás (55 000 km²)
Minas Gerais (51 300 km²)
Santa Catarina (49 200 km²)
Mato Grosso (26 400 km²)
O Rio Grande do Sul tem uma extensão de 281.748 km². Ou seja, os 157.600 quilômetros quadrados do Aquífero Guarani no subsolo do Estado abrangem a quase totalidade das áreas de plantio na região.
Na Argentina, o aquífero encontra-se em grandes profundidades. Na Província de Entre Rios, a salinidade chega a ser três vezes maior que a da água do mar. No Uruguai, a estrutura do aquífero é favorável ao fluxo das águas, mas a salinidade aumenta próximo ao rio Uruguai. No Paraguai, o aquífero mostra-se heterogêneo, com extensa área aflorante e águas de boa qualidade, mas com uma extensa faixa de águas salobras nas proximidades do rio Paraná.
A vazão é muito variável. Por exemplo: é de mais de 200 000 litros por hora na região do Alto Rio Uruguai, no Rio Grande do Sul, mas possui raros poços acima de 5 000 litros por hora na região das Missões. Em outros Estados, já foram registradas vazões da ordem de 800 000 litros por hora.
A água de melhor qualidade do Aquífero Guarani em geral está nos bordos das áreas de afloramento do aquífero e seus arredores. As maiores áreas com água de boa qualidade ficam em São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Paraguai.
Bom, não é preciso dizer que a imbecilidade impera no Rio Grande do Sul. A água existe e está disponível para ser obtida e usada para irrigar as lavouras nos anos em que ocorrem estiagens. Assim, na média, o Rio Grande do Sul alcançaria três anos a mais de alta produtividade na soja em cada década. Nos anos de precipitações pluviométricas boas, não haveria necessidade de utilização dos poços cavados e o aquífero recuperaria suas cargas.
A estupidez dos gaúchos é antológica. Com irrigação nas lavouras, o PIB do Estado poderia crescer no mínimo 10%, o que representaria uma imensa receita e um incrível aumento da renda média dos gaúchos.
Mas, nada disso é aproveitado, entra década e sai década. O atraso é crônico e impera no Rio Grande do Sul.
Da mesma forma o Estado vive sem o suficiente em energia para suprir suas necessidades. E importa energia eternamente de Itaipu. No entanto, o Rio Grande do Sul está sentado sobre uma verdadeira Petrobras, a gigantesca província carbonífera que nasce no Uruguai, atravessa o Rio Grande do Sul, faz um arco sobre Santa Catarina e se dirige até o Paraguai.
Esse carvão está à flor da superfície da terra, como em Candiota e Minas do Leão. Basta cavar com uma escavadeira que já se encontra o carvão. Esse carvão, em uma usina colocado ao lado da cratera da mina, pode ser transformado em gasolina, querosene de aviação, óleo diesel e mais 25 subprodutos para a indústria petroquímica, com alto grau de pureza. O gás obtido do craqueamento do carvão poderia ser usado para mover usinas de energia elétrica, como a que existe em Uruguaiana, paralisada, com capacidade de geração de 600 megawatts (com uma vantagem extra, a de fornecimento firme, contínuo, de geração de energia). Bastaria estender um gasoduto curto, de Candiota a Uruguaiana. Da mesma forma poderia ser aproveitado o carvão da região de Minas do Leão. Mas..... a gauchada é um caso série de estupidez, preguiça, ignorância, atraso crônico, que precisaria ser estudado pelos maiores gênios da humanidade.
É uma pena, continuaremos perdendo riquezas imensas pelas próximas décadas, pela falta de empenho, decisão, ousadia, inovação, dos gaúchos.