A CBF quer que a Fifa restabeleça o envio de quase US$ 100 milhões diretamente para a entidade brasileira, diante do final do comando de Marco Polo Del Nero. O dinheiro havia sido prometido ainda pelo ex-presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, como parte de um fundo para deixar um legado ao futebol nacional, depois da Copa do Mundo de 2014. Mas, em 2015, quando o dinheiro começaria a ser enviado, as investigações nos Estados Unidos revelaram o envolvimento de Marco Polo Del Nero em um esquema de corrupção. O brasileiro passou a ser indiciado. Mas não deixou o cargo de presidente da CBF. Advogados que trabalharam com a Fifa revelaram que foi a sua presença no comando da entidade brasileira que passou a impedir que o dinheiro fosse enviado. A Fifa não poderia dar sinais aos tribunais norte-americanos de que continuava mantendo um fluxo financeiro a uma pessoa procurada. A partir de 2015, todos os pagamentos da Fifa ao Brasil foram suspensas, inclusive em relação a prêmios. O impasse levou a CBF a buscar alternativas. Em 2017, depois de uma longa negociação, advogados da entidade brasileira convenceram a Fifa a criar uma empresa conjunta que, então, administraria os recursos. Zurique exigiu um controle importante sobre o dinheiro e uma série de vistorias e auditorias.
Para a CBF, a criação de uma nova empresa conjunta significaria o pagamento de mais impostos e maior controle. Mas acabou aceitando. O entendimento abriu caminho para a retomada do financiamento, que seria destinado a criar centros de treinamento em Estados que não receberam a Copa do Mundo de 2014. Mas, apenas dois meses depois, o julgamento na Corte de Nova York contra José Maria Marin, ex-presidente da CBF, iria expor detalhes da situação e pagamentos a Marco Polo Del Nero. Sem escolha, a Fifa optou por afastar o dirigente brasileiro do futebol e, alguns meses depois, o baniu do esporte. Del Nero já havia preparado sua sucessão na CBF, inclusive em uma eleição com candidato único. Mas, para a entidade brasileira, seu afastamento também significou que estava retirado também o obstáculo para que a Fifa enviasse diretamente ao Brasil os US$ 100 milhões. Em abril, o tema foi debatido com o suíço Gianni Infantino, presidente da Fifa, que deu o seu sinal verde para que o assunto fosse encaminhado. Oficialmente, a Fifa não se pronuncia. Mas fontes em seu Conselho confirmam que existe uma pré-disposição da entidade para aceitar a proposta brasileira, com a condição que haja uma auditoria nos recursos.
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