segunda-feira, 9 de maio de 2011
Apenas quatro mil dos cerca de 50 mil homicídios cometidos por ano no Brasil são resolvidos
O Brasil ostenta uma triste realidade: dos cerca de 50 mil homicídios ocorridos no País por ano, a estimativa de Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa Mapas da Violência 2011, divulgada pelo Ministério da Justiça, é de que apenas quatro mil crimes (8%) têm o autor (ou os autores) descoberto e preso. São pelo menos cem mil assassinatos sem solução no Brasil até 2007, e muitos já prescritos dentro do prazo de 20 anos previsto pelo Código Penal Brasileiro, segundo o Conselho Nacional do Ministério Público. Uma série de fatores que prejudicam o esclarecimento dos homicídios: o sucateamento das delegacias; a falta de infraestrutura das polícias técnicas nos Estados para obtenção de provas; o déficit do número de investigadores; e a burocracia, além da não integração entre delegados, promotores e a Justiça no andamento dos inquéritos. “O Brasil não tem uma estrutura de segurança pública formada. Não há um sistema nacional integrado para o tema. Há uma resistência grande em abrir a caixa-preta da criminalidade no país. Tem Estado, como Alagoas, que o índice de solução de homicídios não chega a 2%”, afirma Waiselfisz. Para agilizar as investigações, o Conselho Nacional do Ministério Público criou, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça, o Ministério da Justiça e os governos estaduais, a Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), chamada de Meta 2. O objetivo é tentar concluir inquéritos abertos até dezembro de 2007. Na sexta-feira, já eram 95.272 casos de crimes sem conclusão no País. Mas o número passará dos cem mil já que 16 estados devem apresentar esta semana relatórios com a estatística atualizada. A missão de cumprir a Meta 2, porém, será difícil. O prazo dado às polícias para encerrar os casos nos estados com mais de quatro mil inquéritos em andamento terminaria em julho, mas já foi prorrogado para o fim de dezembro por causa da demanda. No Rio de Janeiro, o Centro Integrado de Apuração Criminal (Ciac) possui 30 mil inquéritos da capital, sendo 15 mil de homicídios ocorridos até dezembro de 2007. Dos 15 mil procedimentos abertos, 60% estão prontos para serem arquivados. Ou seja, são casos sem qualquer referência dos assassinos ou já investigados, mas com baixa possibilidade de se chegar ao autor. Outros 39% ainda dependem de investigações e apenas 1% tem a autoria identificada.
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