quinta-feira, 31 de março de 2011

Argentina condena ex-general por tortura e crimes da ditadura

O general reformado Eduardo Cabanillas foi condenado nesta quinta-feira pela Justiça argentina à prisão perpétua como principal responsável pelo campo de concentração montado na fábrica Automotores Orletti, por onde passaram vítimas sul-americanas do Plano Condor. "Condenamos Eduardo Cabanillas à pena de prisão perpétua por homicídio qualificado em cinco oportunidades, privação ilegítima de liberdade em 29 ocasiões e torturas em outras 29", afirma a sentença lida na audiência. O tribunal condenou também o ex-policial Raúl Guglielminetti a 20 anos de prisão e os agentes civis de inteligência Eduardo Ruffo e Horácio Martínez Ruiz a 25 anos cada um. Passaram por Orletti mais de uma centena de opositores sul-americanos, a maioria uruguaios, mas também chilenos, bolivianos, peruanos e dois funcionários da Embaixada de Cuba em Buenos Aires. A condenação do general Cabanillas, de 68 anos, "é uma reparação, mas justiça tardia não é justiça", disse Sara Méndez, figura emblemática dos direitos humanos no Uruguai. Sara Méndez foi prisioneira na Automotores Orletti, centro de tortura localizado no bairro de classe média de Flores, antes de ser levada ao Uruguai com outros 140 compatriotas, muitos desaparecidos. Ela teve roubado seu nenê e só foi reencontrar o filho depois de adulto. Um dos casos expostos durante o julgamento foi o de Marcelo Gelman, filho do poeta e jornalista argentino Juan Gelman, cuja esposa María Claudia García segue desaparecida desde que foi detida, quando estava grávida. Maria Claudia García foi levada clandestinamente do Orletti para o Uruguai e sua filha, Macarena Gelman, criada por um policial uruguaio. No ano 2000, a jovem finalmente recuperou sua identidade. O corpo de Marcelo Gelman foi encontrado em 1989 dentro de um tambor com cimento em um rio da província de Buenos Aires.

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