quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Participação de estrangeiros na dívida pública supera 10%

A participação dos investidores não-residentes nos papéis da dívida pública brasileira atingiu novo recorde no mês de agosto e superou pela primeira vez na história 10% do total, informou nesta quinta-feira o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Fernando de Paiva Garrido. Segundo o Tesouro, essa fatia subiu de 9,54% em julho para 10,06% no mês passado, o que representa um volume de R$ 150,6 bilhões. Em igual mês do ano passado, a parcela de não-residentes na dívida pública brasileira era de 6,36%. "Continua o movimento de alta gradual", afirmou Garrido. Neste mês, a entrada de investidores estrangeiros segue a tendência de alta. Segundo Garrido, o Tesouro não tem um alvo para a participação de estrangeiros, e o Brasil ainda está abaixo de nações como o México, cuja participação de não-residentes está na faixa de 15%, e de países do Leste Europeu, que em média têm participação de por volta de 20% nesse total. Para Garrido, não causa preocupação uma possível vulnerabilidade da posição do país por conta da entrada dos estrangeiros no mercado de dívida pública, especialmente em decorrência do perfil dos investidores que entram no país. "Estamos observando o aumento da participação de investidores e mudança de perfil, como fundos de investimento norte-americanos, investidores pessoa física japoneses, fundos soberanos do Oriente Médio. É um perfil mais diversificado e mais estável", afirmou Garrido. Ele compara à participação desse mesmo investidor antes da crise econômica, que ficava em torno de 5% e era mais volátil, com participação de "hedge funds" (fundos com aplicações mais diversificadas e alternativas, mais agressivos nos investimentos). "O investimento desses estrangeiros também é positivo. Há benefícios na melhoria do perfil da dívida, pois eles têm preferência por títulos com vencimentos mais longos e concentram investimentos em títulos prefixados em índices de preços, que são melhores para o emissor [Tesouro Nacional]. Nesses títulos, os não-residentes detêm cerca de 50%", informou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública. Segundo Garrido, a demanda dos estrangeiros aumenta em decorrência dos bons fundamentos da economia do país, ao fato de o Brasil ter obtido grau de investimento e às perspectivas futuras para a taxa de juros. O estoque da dívida pública federal apresentou em agosto deste ano uma alta, em termos nominais, de 1,04% ante o mês anterior, atingindo R$ 1,618 trilhão no mês passado. Entre as componentes do resultado, a dívida pública mobiliária federal interna passou de R$ 1,509 trilhão em julho para R$ 1,524 trilhão em agosto, uma alta de 1,03%. A dívida externa avançou 1,35% ante o mês anterior, ficando em R$ 93,5 bilhões em agosto. Os títulos com remuneração prefixada tiveram a participação ampliada de 32,82% para 34,62% nesse período. De acordo com o Tesouro Nacional, o resultado deve-se principalmente à emissão líquida de R$ 29,57 bilhões desses papéis. Já o total de títulos remunerados pela Selic passou de 32,27% para 32,36% em agosto e a participação dos indexados a índices de preços foi de 28,19% para 26,36% no mês passado.

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