domingo, 13 de janeiro de 2008

Nápoles distribui lixo pela Itália e gera protestos

As autoridades de Nápoles começaram na sexta-feira a enviar montanhas de lixo para outras partes da Itália, o que gerou conflitos fora da região da Campânia, pela primeira vez desde o início da crise do lixo, semanas atrás. Os moradores da ilha da Sardenha entraram em choque com policiais quando um navio carregado com lixo chegou de Nápoles, na noite de quinta-feira. A Sardenha foi a primeira região a receber parte das cerca de 100 mil toneladas de lixo acumuladas na área de Nápoles. "Essa foi uma noite agitada", afirmou Silvio Saffioti, chefe da brigada de incêndio da capital da Sardenha, Cagliari: "Fomos chamados 25 vezes para apagar incêndios nos 48 contêineres de lixo e em três carros”. O primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, deu ao ex-chefe nacional de polícia do país, Gianni De Gennaro, um prazo de quatro meses para resolver a crise, resultado de décadas de incompetência política, corrupção e ingerência da máfia no sistema de coleta e transporte de lixo no País. O governo italiano pediu que as autoridades das regiões da Itália recebam uma parte da montanha de lixo acumulada desde que a coleta em Nápoles foi paralisada, antes do Natal. Os aterros da região não receberam mais dejetos porque teriam atingido sua capacidade máxima. A crise do lixo representa um grande desafio para Prodi e seus aliados de centro-esquerda que comandam Nápoles, onde milhares de pessoas foram às ruas nesta semana protestar dentro de um subúrbio que se transformou em uma área sem lei durante a noite. Prodi espera que De Gennaro consiga realizar com sucesso uma tarefa diante da qual muitos outros encarregados de fazê-la fracassaram. O primeiro dos comissários do lixo foi nomeado em 1994, com a missão de limpar o sistema de coleta e tirá-lo das mãos da máfia napolitana, a Camorra. Passados 14 anos e gastos 2 bilhões de euros (2,94 bilhões de dólares) em dinheiro público, a cidade continua atrás de uma solução. Um grande incinerador que deveria estar em funcionamento no final de 2007 só seria inaugurado em 2009. Isso é o que pode acontecer em breve no Brasil, onde o setor do lixo é controlado por um cartel de empresas.

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