Nilda Garré, ministra da Defesa da Argentina, ordenou nesta terça-feira à Marinha para afastar de funções docentes e de assessoria oficiais que estiveram envolvidos na repressão ilegal da ditadura militar, instaurada em 1976, ou que defenderam seus métodos. O comunicado do Ministério da Defesa esclarece que a ordem da ministra se refere aos almirantes da reserva Roberto Pertussio e Miguel Troitiño, e ao capitão da reserva Hugo Santillán. Pertussio está sendo processado por crimes de lesa humanidade pela justiça federal na cidade de Mar del Plata. Mas, continuava mantendo suas funções no Centro de Estudos Estratégicos da Marinha. A ordem foi enviada por escrito na segunda-feira, pela ministra Garré, ao almirante Jorge Godoy, chefe do Estado Maior da Marinha. A Marinha tem sido, desde o restabelecimento democrático, em 1983, a arma mais resistente em fazer uma autocrítica de sua responsabilidade nos delitos de lesa humanidade e na sua atividade de terrorismo oficial ocorridos durante o regime militar. Em 2004, o almirante Godoy, nomeado pelo ex-presidente Néstor Kirchner e mantido no posto pela atual presidenta Cristina Fernández, condenou os feitos em uma mensagem pública no dia da Marinha. Troitiño não poderá cumprir tarefas docentes ou de assessoria "em razão de sua participação e defesa de ações próprias de terrorismo de Estado", disse o comunicado. Por sua vez, Santillán não poderá realizar tarefas educativas. Ele foi afastado da direção da Escola Naval Almirante Brown por criticar a mudança desse instituto, que funcionava nas dependências da Escola de Mecânica da Armada (ESMA), famigerado e infame centro de tortura e assassinatos cometidos pelos militares, e hoje convertida em Museu da Memória dos crimes de lesa humanidade cometidos pelo regime militar. Nas suas masmorras passaram cerca de 5 mil pessoas, a maioria delas assassinadas, figurando hoje como "desaparecidas". A ministra Garré também ordenou ao comandante da Marinha um rápido relatório sobre a participação desse serviço no caso da morte do ex-repressor Héctor Febres. Febres, ex-oficial da Prefeitura Naval (polícia costeira), que estava detido, apareceu envenenado por cianureto em uma cela no dia 10 de dezembro, dois dias antes de ser proferida uma sentença no julgamento em que era acusado de ter torturado detidos na ESMA durante o regime militar.
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