Em 2018 o Paraná deve registrar um total de 4.110 novos casos de câncer de mama e ovário, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Essas duas formas da doença são das mais desafiadoras psicologicamente, uma vez que estão diretamente ligados à feminilidade da paciente. É que além do temor em enfrentar uma quimioterapia e todos os seus efeitos colaterais, há ainda o receio em perder o cabelo ou mesmo em ter de retirar a mama. Mas, em Curitiba, o Centro de Oncologia do Paraná (COP) já conta com um equipamento capaz de amenizar um dos principais problemas relacionados ao tratamento de neoplasias. Trata-se do Scalp Cooler, um equipamento de resfriamento do couro cabeludo que reduz em até 80% a queda de cabelo durante a quimioterapia. O dispositivo consiste em uma touca (chamada de ‘touca inglesa’), conectada a um aparelho que congela o folículo capilar para que a medicação não atue na região, de forma a preservar os fios de cabelo. Desde abril disponível no COP, o equipamento já atendeu a cinco pacientes e os resultados são positivos, segundo afirma Emanuella Poyer, médica especialista em oncologia clínica.
“A autoestima é algo fundamental num tratamento de câncer, principalmente para a mulher. O cabelo faz parte da nossa personalidade e perdê-lo impacta muito, tanto que não são raros os casos de depressão, de a paciente não querer mais sair de casa, mesmo usando touca ou lenço. Então, manter o cabelo é algo muito importante para alguém em quimioterapia, além de facilitar no trabalho do oncologista, na aceitação ao tratamento. É como se amenizasse os efeitos colaterais”, explica a médica. Uma das pacientes que está utilizando a touca inglesa no período de tratamento da doença é a professora Cristiane Vodonis Zanikoski, de 39 anos, que em fevereiro descobriu um nódulo na mama. Depois de realizar uma série de exames e receber o diagnóstico de que estava com câncer, consultou-se com diversos médicos. Sua preocupação primeira era saber se estaria curada. Em segundo, se perderia os cabelos. “Quando vim aqui (no COP), o médico me informou do equipamento e perguntou se queria testá-lo. Topei de primeira, era uma possibilidade de manter os cabelos e deu certo”, relata a professora, que hoje utiliza um cabelo mais curto - no início do tratamento, ela própria decidiu mudar o visual como uma forma de se aceitar melhor. “Não tivesse feito isso, ainda hoje estaria com os cabelos mais longos”, comenta.
O ponto principal, contudo, é poder continuar vivendo da maneira mais normal o possível. É que ela não queria transmtir aos outros a imagem de uma pessoa doente, fazendo despertar sentimentos de dó e piedade por sua condição. E graças à manutenção do cabelo, isso foi possível. “Sempre fui muito pronta para as coisas e queria parecer bem, não ter a imagem de alguém doente. E realmente, fora do hospital, nem percebem que estou doente. Meus cabelos caíram muito pouco e eu sigo com a autoestima lá em cima”.
A touca é colocada cerca de 45 minutos antes do procedimento e não pode ser retirada até uma hora e meia depois da infusão das drogas. De acordo com estudos médicos relacionados a marca, essa técnica complementar é mais eficaz em pacientes diagnosticadas com câncer de mama e ovário e só tem resultado se utilizado em todo o processo, desde a primeira sessão de quimioterapia. “A sensação (da touca) é de um gelo. Não reclamo do frio, mas é como se você pegasse em um cubo de gelo, ele queima a mão. Então dá uma pequena ardência, mas não é nada absurdo. Não é 100% confortável, mas se estivesse sem cabelo os efeitos seriam bem piores”, comenta Cristiane Vodonis Zanikoski, que passa pelo tratamento quimioterápico a cada 21 dias. Até aqui, já realizou seis das oito sessões prescritas pelo seu médico.
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