sexta-feira, 4 de maio de 2018

Empreiteira corrupta e propineira Andrade Gutierrez também dá calote em dívida de R$ 1,2 bilhão

A construtora corrupta e propineira Andrade Gutierrez, uma das maiores empreiteiras do País e implicada na Operação Lava Jato, deixou de pagar US$ 345 milhões - o equivalente a R$ 1,2 bilhão- em títulos emitidos no Exterior que venceram na segunda-feira (30). Com isso, viu suas notas de créditos serem rebaixadas pela agência de classificação de risco Fitch. Os ratings de probabilidade de inadimplência do emissor (IDR) de longo prazo em moeda estrangeira e local da Andrade Gutierrez Engenharia foram de "B-" (altamente especulativo) para "RD" (inadimplência restrita). A propineira Andrade Gutierrez alegou à agência de risco que está em fase final de negociação para um novo empréstimo, que seria usado para honrar os pagamentos.

No entanto, o negócio esbarrou em uma decisão do Tribunal de Contas da União, que decretou na quarta-feira (25) o bloqueio de R$ 508,3 milhões em bens da empresa por suspeitas de superfaturamento no contrato de obras civis da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro. A nota dada pela Fitch representa a vulnerabilidade de uma entidade à inadimplência em relação às suas obrigações financeiras. O patamar "B" indica significativo risco de inadimplência, porém com limitada margem de segurança. Nele, os compromissos financeiros continuam sendo honrados, mas a capacidade de se continuar efetuando pagamentos é tida como vulnerável.

Já o rating "RD" - que foi atribuído à propineira Andrade Gutierrez - indica que o emissor está inadimplente no pagamento não resolvido de um bônus, empréstimo ou outra importante obrigação financeira, mas que não entrou legalmente em processo de recuperação judicial, intervenção administrativa, liquidação ou encerramento formal ou que não encerrou suas atividades. A Fitch afirmou ainda que a liquidez da construtora corrupta tem sido baixa em relação a suas obrigações de dívida, o que impediu a empresa de amortizar os vencimentos de títulos no Exterior. A agência diz que a construtora deixou de pagar US$ 500 milhões devidos a credores que adquiriram títulos emitidos por ela no Exterior, mas já comprou de volta do mercado US$ 155 milhões. A Fitch também rebaixou as notas seniores sem garantia da propineira Andrade Gutierrez Internacional de "B-" para "C". A Moody's, outra agência de classificação de risco, também emitiu um comunicado sobre a situação, embora não tenha mexido nas notas da empresa. Uma definição sobre o rating da empresa deverá depender do financiamento hoje travado por conta do Tribunal de Contas da União, indicou o relatório da Moody's. "Se a transação não for concluída com sucesso, é altamente improvável que a Andrade Gutierrez possa pagar os títulos usando suas fontes internas", disse.

A agência ressalta que, no fim de setembro de 2017, a empresa tinha US$ 190 milhões (R$ 665 milhões) em caixa em seu balanço, o que representaria apenas 55% do montante em circulação das notas que venceram na segunda. "Estimamos que ao menos uma parte do caixa tenha sido consumida devido à geração de fluxo de caixa negativo da empresa. A redução adicional provavelmente foi mitigada pelos esforços de venda de ativos do grupo, que até agora arrecadaram R$ 750 milhões."

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