segunda-feira, 30 de abril de 2018

Primeiro ministro Binyamin Netanyahu diz que Israel tem provas das mentiras do Irã sobre seu programa nuclear secreto

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira, 30, que seu país dispõe de novas "provas conclusivas" da existência de um programa secreto iraniano destinado a desenvolver armas nucleares. O premiê, crítico ao acordo internacional sobre as atividades nucleares do Irã, apresentou à imprensa em Tel-Aviv, e ao vivo, para as televisões israelenses, cópias exatas de dezenas de milhares de documentos originais iranianos obtidos há algumas semanas.


"Foi um formidável feito do serviço de inteligência", elogiou. "Sabemos há anos que o Irã tinha um programa nuclear secreto, chamado Projeto Amad, agora podemos demonstrar que este era um programa completo para desenvolver, construir e testar armas nucleares. Também podemos demonstrar que o Irã está guardando em segredo material do Projeto Amad para utilizá-lo quando queira para desenvolver armas nucleares", disse Netanyahu. O objetivo do projeto, segundo o premiê israelense, é " desenvolver, produzir e testar cinco ogivas nucleares cada uma com 10 quilotons de TNT para sua integração em um míssil", o que, acrescentou, "é como se colocassem cinco bombas de Hiroshima em um míssil balístico".

Esses documentos, em papel e em CD, e pano de fundo para a declaração de Netanyahu, constituem "evidências novas e conclusivas do programa de armas nucleares que o Irã escondeu durante anos aos olhos da comunidade internacional em seus arquivos secretos atômicos", disse ele. Esses documentos mostram que, apesar das garantias dadas pelos líderes iranianos de que nunca buscaram armas nucleares, "o Irã mentiu!", esbravejou.

“Depois de assinar o acordo nuclear em 2015, o Irã intensificou esforços para esconder seus arquivos secretos”, afirmou: “Em 2017, o Irã transferiu seus arquivos de armas nucleares para um local altamente secreto em Teerã". O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu aos signatários europeus do acordo de 2105 com o Irã um prazo até 12 de maio para corrigirem “as terríveis falhas” do acordo, ou irá se recusar a renovar o alívio nas sanções impostas pelos Estados Unidos contra o Irã. Nesta segunda-feira, depois do discurso de Netanyahu, ele insinuou que planeja deixar o acordo ao dizer que não acredita que isso prejudicará seus contatos com a Coreia do Norte. "O que soubemos hoje sobre o Irã mostra realmente que eu tinha 100% de razão" sobre o acordo nuclear de 2015, disse Trump em entrevista na Casa Branca ao lado do presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari. 

O Irã tem capacidade técnica para enriquecer urânio a um nível mais alto do que tinha antes de assinar o acordo para conter seu programa nuclear, afirmou o chefe da organização de energia atômica do páis, Ali Akbar Salehi, à televisão estatal. “O Irã não está blefando... Tecnicamente, estamos totalmente preparados para enriquecer urânio acima do que costumávamos produzir antes do acordo. Espero que Trump caia em si e continue no acordo”, disse Salehi. Sob o acordo, que levou à suspensão da maioria das sanções internacionais contra o Irã, o nível de enriquecimento de urânio do Irã deve permanecer em torno de 3,6%. O Irã parou de produzir urânio enriquecido a 20% e abandonou a maior parte do seu estoque como parte do acordo firmado com Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, China e Rússia. O urânio refinado a 20% de pureza físsil está bem além dos 5% normalmente necessários para abastecer usinas nucleares civis, embora ainda muito abaixo da pureza altamente enriquecida, de 80% a 90%, necessária para uma bomba nuclear.

Teerã já descartou qualquer possibilidade de negociar o programa de mísseis balísticos do país, suas atividades nucleares após 2025 e seu papel internacional no Oriente Médio, como exige Trump. Grã-Bretanha, França e Alemanha apoiam o acordo, que afirmam ser a melhor maneira de impedir que Teerã consiga armas nucleares, mas pediram ao Irã que limite sua influência regional e reduza o programa de mísseis.

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