domingo, 22 de abril de 2018

O açougueiro corrupto Joesley Batista diz à Polícia Federal que pagou mensalinho de R$ 50 mil para o playboy Aécio Neves entre 2015 e 2017

Em depoimento à Polícia Federal prestado na quinta-feira (19), em Brasília, o açougueiro corrupto Joesley Batista, do grupo propineiro J&F, disse que pagou um "mensalinho" de R$ 50 mil ao senador playboy Aécio Neves (PSDB-MG) entre julho de 2015 e junho de 2017, atendendo a um pedido do parlamentar tucano. Em nota, a defesa do senador disse que Aécio jamais pediu dinheiro para Joesley. De acordo com a nota, Joesley age de "má-fé" e com "desespero" diante do risco de ter o acordo de delação premiada anulado. Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal decidiu tornar o playboy Aécio Neves réu em um processo que investiga o senador por corrupção passiva e obstrução de Justiça. A denúncia que originou o processo tem como base as delações premiadas de executivos da J&F, entre eles, Joesley Batista. Segundo Joesley Batista, os pagamentos mensais deveriam ser feitos à Rádio Arco-Íris Ltda., de Minas Gerais, que emitiria notas fiscais. 

No depoimento à Polícia Federal, o empresário relatou que Aécio Nevesclassificou o pagamento de "muito importante”. O empresário disse ainda que o dinheiro era para custear despesas do senador. Ainda segundo o relato de Joesley Batista às autoridades, mesmo durante o período em que ocorreram os repasses, Aécio Neves entrou em contato para cobrar. O empresário disse que o senador o procurou pedindo para que não deixasse de pagar o ano de 2016. Joesley disse que, apesar de ter feito os pagamentos, não sabe se algum serviço foi de fato prestado pela rádio. Segundo ele, o objetivo era repassar R$ 50 mil mensais a Aécio Neves para manter o bom relacionamento com o senador - que tinha sido candidato à presidência em 2014 e poderia chegar com força política na eleição deste ano, com possibilidade de ocupar o cargo. 

O superintendente geral da rádio Arco Íris, Geraldo Limírio, manifestou "surpresa" com as declarações de Joesley Batista, que, segundo afirmou, "tenta dar caráter político a uma relação estritamente comercial, comprovadamente correta, legal e legítima na prestação de serviços publicitários pela emissora a empresas do grupo J&F". "Toda a relação comercial com o grupo J&F está documentada por trocas de e-mails com tratativas comerciais mantidas com áreas de marketing de empresas, como: Vigo, Itambé e Seara, negociações nos preços de tabela, comprovantes de veiculação de comerciais e notas fiscais, que se encontram no arquivo do departamento comercial da emissora. Toda essa documentação está à disposição das autoridades", afirmou Limírio. 

No mesmo depoimento, Joesley Batista relatou pagamentos que teriam sido feitos a pedido do senador para três partidos durante a campanha eleitoral de 2014. Segundo ele, esses pagamentos totalizaram R$ 110 milhões, dos quais R$ 64,3 milhoes para o PSDB; R$ 20 milhões para o PTB; e R$ 15 milhões para o Solidariedade, além de outros R$ 10,3 milhões a diversos candidatos e partidos. Segundo o empresário, os valores pagos a PTB, Solidariedade e “candidatos diversos” tinham como objetivo específico “a compra do apoio político à campanha presidencial de Aécio Neves”.

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